Bancos portugueses são dos que mais aumentaram provisões, mas também dos que mais viram a rentabilidade cair
Os bancos portugueses são dos que mais aumentaram as provisões para cobrir a potencial subida do malparado associada à crise decorrente da pandemia de covid-19, de acordo um estudo da consultora Kearney acerca da banca de retalho europeia, citado pelo ‘Jornal de Negócios’, que analisou os resultados anuais de 89 bancos em 22 mercados europeus. Ao mesmo tempo, foram dos que mais viram a rentabilidade cair no ano passado.
De acordo com o estudo “European Retail Banking Radar”, a nível global, a banca europeia constituiu provisões que representam 14% dos lucros registados no ano passado, o nível mais elevado desde a crise financeira, de forma a “antecipar o aumento do desemprego e os potenciais riscos associados ao crédito”, sendo que em Espanha e em Itália que se registam os montantes mais significativos que foram deixados de lado pela banca.
Portugal é mencionado como o país em que se regista um dos maiores aumentos da constituição de imparidades, com a banca portuguesa a aumentar as provisões em 280%, em 2020, de acordo com informação presente no mesmo documento.
Os aumentos acima referidos contrastam largamente com os da maioria dos países analisados, cujas provisões aumentaram entre 50% e 200%.
Seis dos maiores bancos portugueses deixaram de lado cerca de três mil milhões de euros em imparidades e provisões, 1,6 mil milhões dos quais correspondem apenas a imparidades de crédito, o que penalizou a rentabilidade da banca.
A consultora indica ainda que a rentabilidade média por cliente dos bancos portugueses caiu 47% em 2020, muito acima da queda média de 30% registada a nível europeu.
Recorrendo a dados da Associação Portuguesa de Bancos, em média, a rentabilidade dos capitais próprios (ROE, na sigla em inglês) dos bancos portugueses era de apenas 0,5% no final de 2020, muito abaixo dos 4,9% registados em 2019.