Fatura do novo imposto da UE sobre o carbono já está na mesa de Putin. Poderá haver retaliação?
A fatura do novo imposto da UE sobre o carbono já começou a ser calculado pelo Kremlin e pelas empresas russas. A taxa, conhecida como mecanismo de ajuste da fronteira de carbono (CBAM), é uma catapulta jurídica, construída para atingir países exportadores para a UE, e cujo transporte de mercadorias é altamente poluente.
De acordo com a previsão da KPMG, estamos a falar de um custo imputado à Rússia de quase três mil milhões de euros e uma fatura total de cerca de 56 mil milhões de euros entre 2022 e 2030, valores confirmados pelo Ministérios dos Recursos Naturais de Vladimir Putin.
O imposto inicialmente atingiria um número limitado de importações, incluindo ferro, aço, cimento e fertilizantes, disseram autoridades da UE ao ‘Financial Times’, e seria baseado no preço equivalente de carbono pago na Europa.
A Rússia exportou, só em 2019, 10 mil milhões de euros em matérias-primas para o bloco europeu. Depois de Moscovo, espera-se que Ancara, um dos membros do G20, sem um imposto interno sobre o carbono, seja a mais prejudicada por este mecanismo de Bruxelas.
“Parece que alguns dos nossos parceiros não conseguem resistir à tentação de instrumentalizar a agenda climática em benefício das suas próprias economias”, reagiu Artyom Bulatov, vice-diretor do departamento europeu de cooperação do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, em declarações à Reuters no mês passado.
A Comissão Europeia deve apresentar mais detalhes sobre esta proposta em julho. As negociações com o Parlamento Europeu e os Estados-membros podem levar meses, senão anos, para serem concluídas.
Bruxelas já frisou que o CBAM cumprirá as regras da Organização Mundial do Comércio – pelo qual as mercadorias importadas não podem ser mantidas a padrões mais elevados do que os produzidos no mercado interno – e só se aplicará a países cuja a tabela de gastos de carbono que não corresponda aos sistema internos do mercado europeu do carbono.
Em fevereiro, em declarações ao ‘Financial Times’, o enviado presidencial de Joe Biden para o Clima e histórico autor do Acordo de Paris, John Kerry, criticou este novo imposto europeu e pediu a Von der Leyen que primeiro pensasse em outros instrumentos para combater as emissões de carbono, antes de lançar esta bomba atómica.