A pandemia deixou os ricos ainda mais abastados. Porquê ?
A pandemia acelerou muitas tendências económicas e sociais que já estavam a caminhar a passos largos e agudizou o fosso entre as classes mais pobres e as classes mais ricas.
Ruchir Sharma responsável pelo gabinete de estratégia da Morgan Stanley Investment Management e autor do livro “As Dez Regras das Nações Bem Sucedidas” tenta explicar-nos as causas deste fenómeno.
À medida que o vírus se espalhou, os bancos centrais injetaram quase nove biliões de euros em toda a economia mundial, dinheiro este sobretudo atribuído aos mercados financeiro, fazendo assim disparar o património líquido dos mais ricos.
Segundo as contas da Forbes, a riqueza total de multimilionários em todo o mundo aumentou de 4,13 mil milhões de euros para mais de 10 biliões de euros em apenas 12 meses, o salto mais dramático, alguma vez apurado pela revista internacional.
Além do aumento do volume de riqueza, 2020 foi também um ano de alargamento da lista dos mais ricos. De acordo com os dados da Forbes, contabilizados até abril de 2021, a população total dos mais abastados do mundo subiu de 700 para um recorde de mais de 2.700 indivíduos.
A maior onda de novos ricos é proveniente da China, (626), seguida dos EUA (724) .
Nos países ricos, este movimento tem sido combatido através da tributação, mas nunca sem olhar para o motor desta nova onde multimilionária: a injeção de capital fácil que sai dos bancos centrais e que entra no mercado.
Apesar de até ao momento, os maiores lucros terem sido obtidos por empreendedores das indústrias produtivas ou como Sharma gosta de chamar “boas”, como as que trabalham com tecnologia e manufatura, em comparação com as empresas “más” sobretudo focadas no imobiliário e no petróleo, sendo menos produtivas para a economia e mais propensas a esquemas de corrupção e à negação da economia colaborativa, o executivo pede mais atenção a esta matéria do crédito fácil e do crescimento das “bad companys”
Em grande parte, o mercado de ações de 2020 foi sobretudo favorável às empresas de tecnologia e outros setores construídos de raiz, enquanto a parcela de riqueza multimilionária detida por herdeiros de impérios familiares, também eles pertencentes ao grupo dos “maus ricos”, caiu ainda mais.
Tudo isto leva a concluir, na ótica do executivo, que no futuro o mercado vai ser dominado pelas “boas empresas”, ainda que estas devam ser tributadas e se deva reduzir a injeção de capital bancária, para garantir a sobrevivência de uma economia com um elevador social forte, isto é com igualdade de oportunidades de angariação de riqueza, ainda que na medida do mérito e das capacidades de cada um.