Presidente da CMVM admite que “não há estratégia para o mercado de capitais”

A menos de dois meses de abandonar a liderança da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), Gabriela Figueiredo Dias foi confrontada pelo Expresso com  o relatório da OCDE, emitido pela organização internacional a pedido da CMVM, e que conclui que o mercado português está num estado demolidor, “resultado de anos de desinvestimento”. E mesmo “não querendo apontar o dedo” foi clara: “não há uma estratégia para o mercado de capitais, nem este é uma prioridade das políticas públicas”.

Para Gabriela Figueiredo Dias é preocupante que “o Plano de Recuperação e Resiliência não preveja qualquer medida de apoio ao mercado de capitais. Surpreende-me (até) alguma indiferença e  ceticismo a que se assiste relativamente ao contributo do mercado para a evolução da economia portuguesa.”

Questionada sobre o facto de o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) se centrar sobretudo na banca, a líder da CMVM reconheceu que há um “desdém face ao mercado de capitais” e frisou que esta é uma perspetiva errada: “o mercado não é apenas um lugar de especuladores, mas também uma alternativa para muitas famílias”.

Por fim, a economista, agora de saída do regulador, explicou que o facto do novo Código de Valores Mobiliários estar há um ano e meio para ser aprovado “não é apenas uma questão de desdém, é não ter noção da sua importância”, acusando o Governo de não achar esta legislação prioritária.

 






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