Covid-19: Risco de infeção após vacinação? É «possível mas minúsculo», garantem especialistas

Um grupo de investigadores analisou as taxas de infeção pelo novo coronavírus num conjunto de profissionais de saúde já vacinados contra a covid-19. De acordo com as descobertas, publicadas na revista The New England Journal of Medicine, apenas uma percentagem “mínima” dos profissionais testou positivo, o que mostra que o risco de ser infetado após a vacinação é “possível mas minúsculo”.

“Conseguimos descrever as taxas de infeção num cenário do mundo real, associadas ao lançamento da vacina. Observámos uma baixa taxa de positividade geral entre os profissionais de saúde totalmente imunizados, o que apoia as elevadas taxas de proteção destas vacinas”, explica uma das co-autoras do estudo, Jocelyn Keehner, citada pela EuropaPress.

O estudo foi realizado por investigadores da Escola de Medicina da Universidade da Califórnia, em San Diego, e da Escola de Medicina David Geffen, na UCLA, nos Estados Unidos.

Os autores analisaram dados conjuntos de profissionais de saúde que receberam vacinas da Pfizer ou da Moderna entre o dia 16 de dezembro de 2020 e 9 de fevereiro de 2021 (36.659 primeiras doses, 28.184 segundas doses) – um período de tempo que coincidiu com um aumento significativo de infeções.

Dentro deste grupo, 379 pessoas testaram positivo à covid-19 pelo menos um dia após a vacinação, com a maioria (71%) a testar positivo nas primeiras duas semanas após a primeira dose. Apenas 37 profissionais de saúde testaram positivo após receberem as duas doses, que é quando se espera que a proteção imunitária máxima seja alcançada.

Os autores estimam que o risco absoluto de testes positivos após a vacinação é de cerca de 1% – um valor superior ao risco identificado nos ensaios clínicos da Moderna e da Pfizer.

Há várias explicações possíveis para este risco mais elevado. “Em primeiro lugar, os profissionais de saúde inquiridos têm acesso a testes assintomáticos e sintomáticos regulares. Em segundo lugar, houve um aumento regional das infeções que coincidiu com as campanhas de vacinação durante este período. E em terceiro lugar, existem diferenças na demografia dos profissionais de saúde em comparação com os participantes nos ensaios de vacinas”, explica outra co-autora Lucy E. Horton.

Os investigadores constatam também que o risco de infeção 14 dias após a toma da segunda dose, quando se espera alcançar a imunidade, é baixo. “Isto sugere que a eficácia destas vacinas é mantida fora do ambiente do ensaio”, afirmam. No entanto, salientam também que o risco não é zero.

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