«A pão e água». Setor da restauração convoca nova manifestação em Lisboa
O movimento «a pão e água», de empresários do setor da restauração, marcou uma nova manifestação para Lisboa depois de outras ações estarem já a acontecer um pouco por todo o país. A próxima manifestação na capital vai acontecer no próximo dia 25 de Novembro, às 15h30, junto à Assembleia da República.
O anúncio foi feito pelo chefe de cozinha, Ljubomir Stanisic, através da sua página de Facebook. O responsável tem sido um dos rostos conhecidos mais «acesos» por esta luta, onde os empresários exigem melhores condições para o setor, através de criação de mais apoios.
“A audição é uma faculdade. O ouvir é uma arte”
Está na hora de nos fazermos TODOS ouvir.Esta luta não é de A, B ou…
Publicado por Ljubomir Stanisic em Quarta-feira, 18 de novembro de 2020
Na legenda do anúncio, Ljubomir escreve: «A audição é uma faculdade. O ouvir é uma arte. Está na hora de nos fazermos TODOS ouvir. Esta luta não é de A, B ou C: não é da restauração, da discoteca, da hotelaria, da loja da esquina que sempre conhecemos aberta… é de todos que sofrem com medidas desmedidas, desproporcionais, injustas.», pode ler-se.
«Está na hora de TODOS, desligados de qualquer cor partidária ou cor clubística, sem violência e ligados à segurança que este contexto nos pede, TODOS ligados num sentimento de necessidade de justiça, fazermos chegar a NOSSA voz de descontentamento a quem tem de chegar… Lutar para que essa voz chegue a quem te de chegar!», afirma concluindo: «E é isto que vamos fazer, e fazer, e fazer, até que nos ouçam!»
Para além de Lisboa, também a Avenida dos Aliados, no Porto, já foi palco destas ações por parte dos empresários, sendo que na última, os ânimos exaltaram-se, resultando em confrontos com a polícia, sem no entanto, haver qualquer detenção. Também outras cidades como Aveiro, Vila Real, Faro e Funchal receberam ou vão receber os protestos.
Este movimento abrange empresários e profissionais de vários setores afetados pelas medidas impostas em virtude do regime do novo estado de emergência, de entre os quais restaurantes, bares, discotecas, organizadores de eventos, músicos, atores, fornecedores e produtores, entre outros.
Para atenuar as dificuldades sentidas, os empresários exigem a adoção de um conjunto de 16 medidas, entre as quais a atribuição de apoios imediatos, a fundo perdido, aos bares e discotecas, eventos, restauração e comércio, pela redução de horário, bem como, a todos os fornecedores diretos e indiretos.
Pede-se ainda a reposição dos horários de restaurantes, bares e comércio local e defende-se a isenção da Taxa Social Única (TSU), a redução no pagamento das rendas e do IVA determinando o pagamento automático em seis prestações.
Os empresários exigem igualmente a abertura imediata e injeção direta nas empresas, sem a contrapartida de ter os pagamentos às Finanças e à Segurança Social em dia, e de defendem o acesso dos sócios-gerentes ao lay-off.
O movimento quer também o reforço imediato das linhas de crédito, retirando limitação de acessos às novas linhas a quem já recorreu às linhas anteriores, a isenção de impostos nas rendas dos imóveis arrendados, durante o período de proibição de exercício da atividade e prolongamento dos contratos de arrendamento, com duração de mais de três anos.
Por outro lado, pede-se a anulação de multas por pagamento atrasado de impostos e o prolongamento dos apoios da Segurança Social aos trabalhadores independentes.
«Há oito meses (março 2020), muitos de nós encerramos os nossos estabelecimentos dias antes do governo o decretar, por uma questão de saúde pública e com o intuito de proteger não só os nossos clientes, mas também os nossos colaboradores», referem numa nota enviada à imprensa.
Os contestatários sublinham que depois de dois meses o Governo decidiu implementar restrições, que os fez concluir «que estar encerrados durante esse longo período de nada nos serviu», dizem, acrescentando: «Restaurantes, cafés, teatros, salas de espetáculo a trabalhar a 50% da capacidade, bares e discotecas encerrados por completo, assim como todos os fornecedores afetos a esta área, a trabalharem com quebras na faturação na ordem dos 90%», criticam.
«Como é possível um negócio, estando fechado, e sem data de abertura prevista, poder fazer uma gestão eficaz dos seus recursos e ao mesmo tempo suportar encargos como água, energia, renda, impostos, empregados, internet, telefone, sistemas de faturação, contas correntes com fornecedores a entrarem em litígio, etc?», questionam, exigindo uma mudança.
Na mesma nota os empresários dizem ter pensado inicialmente «que tudo iria voltar ao normal em breve», mas garantem: «Nunca estivemos tão enganados. Entretanto, as contas acumulam-se e o duradouro silêncio do Estado é avassalador».