Semana à lupa: Porque se esperam dias de “aversão ao risco e volatilidade a aumentar”? 

Os EUA registaram um número recorde de 150.000 novos casos de infeção e os especialistas estimam que a este ritmo os EUA poderão atingir os 200.000 novos casos e 2.000 mortes diárias até ao dia de Ação de Graças, na próxima quinta-feira dia 26 de Novembro, que é feriado nos Estados Unidos.

A pandemia em curso irá continuar a sobrecarregar o sistema hospitalar, tornando cada vez mais difícil fornecer ventiladores e acesso a outros tratamentos que limitem a taxa de mortalidade. Os estados ficam com a difícil escolha de permitir que os casos se multipliquem ou controlarem o vírus mediante a aplicação de novas restrições. Muitos já optaram pela última hipótese tal como Chicago, que decretou a permanência domiciliária por 30 dias e pediu aos cidadãos que cancelassem as reuniões do Dia de Ação de Graças, Detroit que cancelou as aulas presenciais e Nova York que ordenou que restaurantes, bares e ginásios fechem às 22h e ajuntamentos limitados a 10 pessoas. Durante a próxima semana mais Estados poderão juntar-se aos mencionados, o que trará inevitavelmente consequências negativas para a economia. Também os restantes países da OCDE deverão impor mais medidas restritivas.

No Reino Unido as negociações do Brexit têm-se mostrado infrutíferas e os números do PIB e da produção industrial do Reino Unido no terceiro trimestre foram mais fracos do que o esperado. O Reino Unido já se encontra em lockdown à mais de uma semana e o número de casos continuam a aumentar. Normalmente, demora 2 a 3 semanas para que as restrições tenham um impacto significativo no número de casos. Na próxima semana, já teremos uma melhor ideia se o governo britânico precisa tomar medidas adicionais.

Por todas estas razões, não será surpresa se virmos alguma aversão ao risco e a volatilidade a aumentar.

No calendário macroeconómico, na próxima terça-feira serão divulgadas as minutas do RBA, numa altura em que continuamos a assistir a um agravamento das tensões comerciais entre a Austrália e a China, e as vendas a retalho e a produção industrial nos EUA referentes ao mês de Outubro.

Na quarta-feira teremos o índice de preços do consumidor no Reino Unido e no Canadá e dados do mercado imobiliários nos EUA.

Na quinta-feira será conhecida a variação de emprego em Outubro na Austrália e na sexta-feira as vendas a retalho no Reino Unido em Outubro.

Fechou-se uma semana de agitação nos mercados

Depois de as ações americanas terem registado o maior ganho semanal desde o início de abril, a semana passada a semana os mercados voltaram a subir com a notícia de que a vacina desenvolvida pela Pfizer e pela BioNTech mostrou uma eficácia de 90% na prevenção da Covid-19.

Apesar de Donald Trump se recusar a fazer uma transição de poder pacífica, a vitória de Biden na casa branca e o controlo republicano do Senado também ajudaram os mercados a subir, porque fica mais difícil aumentar os impostos e a regulamentação, tornando no entanto possível a aprovação dum pacote de estímulo fiscal.

As empresas farmacêuticas têm feito progressos significativos no sentido de desenvolver uma vacina eficaz, mas de acordo com os mercados, não de forma rápida o suficiente. Com sorte, poderá a vir ser aprovada uma vacina antes do final deste ano, mas a sua distribuição a nível mundial não acontecerá antes de 2021. Até isso acontecer, os novos casos de infeção continuarão a aumentar a um ritmo alarmante, causando o pânico entre os investidores que vêm como cada vez mais provável uma recessão de dois dígitos para este ano.

Na semana passada, os preços do consumidor mostraram uma estagnação no mês de outubro, em vez de subirem 0,1% tal como era esperado, os pedidos semanais de subsídio de desemprego continuaram a cair pela quarta semana consecutiva e o presidente da Fed, Jerome Powell, disse que o Congresso e a Fed precisarão fazer mais e melhor.

*Nuno Mello, Analista XTB

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