O perigo dos “frankenchickens”. Exploração intensiva de frango pode gerar novas pandemias, alerta relatório

A criação intensiva de frango para fornecer a sua carne às cadeias retalhistas pode criar um ambiente ideal para o surgimento de novos vírus pandémicos, avisa um relatório britânico.

O “cocktail” de infeções a que as aves estão sujeitas cria um terreno de reprodução quase perfeito para um surto de doença com potencial pandémico, de acordo com o estudo desenvolvido por dois professores especialistas nestas matérias, Andrew Knight, veterinário, e David Wiebers, médico.

Segundo os autores, um novo vírus da gripe aviária com “alta transmissibilidade” poderá fazer com que a Covid-19 nos pareça uma doença ‘suave’.

O relatório afirma, assim, que os supermercados são os principais responsáveis por este sistema “cruel e perigoso”, porque para manter os preços baixos, alegadamente, compram galinhas a explorações sem grandes condições e com sobrelotação de animas, o que significa que a doença pode propagar-se mais facilmente.

Além disso, alegadamente utilizam raças concebidas para crescerem de forma anormalmente rápida, conhecidas como “frankenchickens”, que são “praticamente incapazes de afastar infeções quando estas atingem”, porque os seus sistemas imunitários são muito fracos.

Os cientistas por detrás do relatório, chamado A British Pandemic: The Cruelty and Danger of Supermarket Chicken (em português: Uma Pandemia Britânica: A Crueldade e Perigo dos Frangos de Supermercado), citam literatura científica para argumentar que um frango tão barato está a conduzir a uma nova pandemia “catastrófica”. Quase mil milhões de frangos de carne são criados por ano no Reino Unido, o animal mais produzido do país.

O relatório, preparado para a instituição social dedicada a animais, a ‘Open Cages’, refere que “a gripe aviária foi outrora uma doença muito rara entre as galinhas, mas hoje em dia há surtos a ocorrer todos os anos”.

A comunidade científica já havia sublinhado, anteriormente, que as novas doenças com potencial para se tornarem pandemias se tornaram quatro vezes mais frequentes no último meio século. Em 2007, a Organização Mundial de Saúde (OMS) advertiu que as doenças infeciosas estavam a emergir a taxas sem precedentes.

A estirpe de gripe aviária, H7N9, causou 1568 casos em humanos e 616 mortes em todo o mundo desde 2013, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura.

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