Covid-19 «está a circular mais rápido» do que na Primavera, alerta epidemiologista
O novo coronavírus está a propagar-se mais rapidamente do que durante a fase inicial da pandemia, na Primavera, disse esta sexta-feira o conselheiro científico do Governo francês, Arnaud Fontanet, numa das advertências mais duras sobre o ressurgimento da covid-19 na Europa.
“O vírus está a circular mais rápido. O ressurgimento da pandemia começou em Agosto”, disse o epidemiologista à estação televisiva BFM TV, acrescentando que a luta contra a doença será uma “maratona”.
O aviso vem um dia depois de a França ter reportado um número ‘recorde’ de 41.622 novos casos. O país ultrapassou um milhão de casos esta sexta-feira, tornando-se o segundo país da Europa a fazê-lo depois de Espanha.
Neste momento, e de acordo com dados da Universidade Johns Hopkins, que tem acompanhado a situação epidemiológica a nível mundial desde o início da pandemia, França (1,041 milhões) já tem mais casos do que Espanha (1,026 milhões).
Tal como muitos outros países europeus, que enfrentam um novo pico de infeções desde o início de Setembro, França aumentou as restrições para conter a doença, anunciando esta quinta-feira um alargamento do recolher obrigatório para mais de dois terços da sua população.
Fontanet afirmou que as autoridades francesas tinham conseguido controlar o vírus até ao final de Junho, acrescentando que o número de hospitalizações que se manteve baixo até ao final de Agosto tinha dado uma falsa sensação de segurança, apesar de os casos já estarem a aumentar nessa altura.
“E depois houve uma semana fria em Setembro e todos os indicadores voltaram a correr mal em toda a Europa. O vírus espalha-se melhor no frio porque passamos mais tempo em espaços interiores”, disse ainda.
“Os hospitais e o pessoal médico vão encontrar uma situação que já conheciam”, acrescentou Fontanet, referindo-se ao final do pico de Março e início de Abril, quando os hospitais ficaram bastante pressionados devido à pandemia.
Tal como outros peritos médicos, Fontanet considera que são necessárias cerca de duas semanas para que as medidas de contenção tenham algum impacto.