Dólar continua vulnerável a uma ‘desvalorização significativa’, alerta Standard Chartered
Numa altura em que a economia norte-americana continua sob pressão e o futuro está altamente condicionado pela evolução da pandemia do novo coronavírus, mas sobretudo pelo resultado das eleições presidenciais, a 3 de novembro, o dólar está vulnerável a uma “desvalorização significativa”, alerta um analista do Standard Chartered Bank.
“Temos de ter em conta os défices gémeos nos EUA que estão a agravar-se, assim como a balança comercial com os piores números dos últimos 15 anos”, detalhou Eric Robertsen, chefe global de pesquisa do Standard Chartered Bank, ao “Squawk Box Asia” da ‘CNBC’.
Faltam menos de duas semanas para o dia das eleições presidenciais nos Estados Unidos e Robertsen não tem dúvidas de que o resultado determinará “o caminho” da moeda, e acrescenta que uma vitória do ex vice-presidente Joe Biden significaria que qualquer desvalorização do dólar seria “muito clara e pronunciada”. Se o presidente Donald Trump for reeleito, Robertsen considera que será “um pouco mais confuso a curto prazo”
Identificando uma “tendência de desvalorização do dólar muito forte” nos próximos anos, o analista argumenta que o desempenho superior dos ativos dos Estados Unidos tem sido um “grande impulsionador” da valorização do dólar nos últimos 10 anos, com o S&P 500 a bater o índice de ações MSCI Emerging Markets em 100 pontos percentuais naquele período.
“Se tivemos uma reversão deste cenário – seja por causa do comércio global ou por uma mudança na agenda económica interna – e combinado com o facto de que os EUA já não têm uma vantagem de taxa de juros sobre os seus pares do G-10, penso que enfrentaremos uma desvalorização do dólar por alguns anos”, reforçou Robertsen.
Na terça-feira, o economista Stephen Roach disse à ‘CNBC’ que estão reunidas as condições para um enfraquecimento do dólar no próximo ano, prevendo um declínio de 35% até o final de 2021.
Esta quinta-feira de manhã, no fuso horário de Singapura, o índice do dólar contra os seus pares estava em 92,743 – numa queda de mais de 3% no ano.