Accenture Digital Business: Está preparado para a disrupção digital?
A disrupção digital é inevitável, afirmam muitos chief strategy officers. Mas, segundo revela um relatório recente da Accenture, poucos estão preparados.
Uma boa estratégia empresarial dependerá de plataformas transversais, alianças mais profundas e modelos operacionais mais colaborativos.
Quase todos os chief strategy officers (CSO) inquiridos pela Accenture em todo o mundo reconhecem que a disrupção digital irá reformular os seus sectores, mas poucos estão preparados para lidar com a mudança. Os que se sentem mais preparados estão a abraçar novas alianças estratégicas, a conceber formas mais colaborativas de trabalhar com parceiros e a tornar-se indispensáveis dentro de um ecossistema mais abrangente.
Para levar a cabo o relatório “Thriving on Disruption”, o “Accenture High Performance Business” desenvolveu um inquérito junto de 561 CSO de 10 sectores e de 11 países e chegou à conclusão que, ainda que 93% concordem que as novas tecnologias irão alterar rapidamente o seu sector nos próximos cinco anos, apenas 20% estão bem preparados para uma súbita disrupção no sector. «As mudanças rápidas e disruptivas estão a caminho, independentemente do sector em que se opera», afirma Paul Nunes, managing director do Accenture High Performance Business Institute. «A perspectiva económica actual sugere que, com base no ciclo de vida menor das empresas, 75% das principais players desaparecerão na próxima década.
O nosso estudo mostra que, apesar de algumas empresas não estarem prontas para essa disrupção, a verdade é que podem aproveitar os exemplos daquelas que já estão prontas ao assegurarem que não estão sozinhas e ao fazerem investimentos estratégicos em plataformas tecnológicas que apoiam modelos operacionais mais colaborativos.»
As empresas que estão melhor preparadas para uma disrupção no seu sector estão muito mais empenhadas no crescimento e aumento das parcerias no seu ecossistema. Quase todos os CSO bem preparados (95%) revelaram que os objectivos de crescimento das suas empresas nos próximos cinco anos dependem de parcerias colaborativas que usam activamente esta estratégia para apoiar a inovação e a pesquisa e desenvolvimento, em comparação com apenas metade daqueles que admitem estar menos preparados.
Por isso, não surpreende que as empresas prontas para a disrupção tenham também 34% mais probabilidades de se juntarem a empresas de publicidade, de inovação (26% mais provável), fornecedores de serviços de design (24% mais provável) e até clientes (26% mais provável).
Também têm 36% mais probabilidade de colaborarem com empresas para lá dos limites do seu sector, e 32% de se alinharem com empresas que consideram concorrentes directas. Esta lacuna na colaboração aumentou nos últimos cinco anos. «À medida que a disrupção destrói as paredes de sectores estabelecidos, está na altura de as empresas repensarem a sua abordagem para a estratégia empresarial», assevera Peter Lacy, managing director da Accenture Strategy. «Para ultrapassar com sucesso a convergência no sector e fortalecer a sua rede de alianças de forma a desenvolver modelos operacionais realmente colaborativos, devem mudar a sua mentalidade para competirem como um “cluster”, e não como uma única empresa, criando valor partilhado para os parceiros e clientes.»
Uma maioria significativa (88%) de CSO que afirmam estar bem preparados para a disrupção no sector já começaram a investir em modelos de negócio baseados em plataformas e continuarão a fazê-lo. Isto em comparação com apenas 42% dos que admitem estar menos preparados.
Entre o grupo de CSO que estão a investir nestas plataformas, os que colhem mais benefícios têm mais probabilidade de desenvolverem modelos operacionais colaborativos e abertos do que os seus pares. Incutiram a colaboração na sua cultura com incentivos e analisaram os processos e as tecnologias internas para tornar asm colaborações externas mais homogéneas. «As empresas de plataformas têm sucesso porque aproveitam a inovação de todo um ecossistema em vez de aproveitarem só os recursos de uma empresa», explica Peter Lacy. «Os negócios que estão bem preparados para a disrupção estão a criar a sua estratégia de crescimento com base nas plataformas e, por isso, têm mais probabilidade de sobreviverem à disrupção e de ganharem vantagem competitiva.»
METODOLOGIA
O estudo, online e por telefone, foi desenvolvido em 11 países
O Accenture High Performance Business Institute desenvolveu um inquérito junto de 561 CSO, ou dos seus colaboradores mais directos, em empresas com receitas acima dos mil milhões de euros de 10 sectores, incluindo automóvel, banca, químicos, bens de consumo e serviços, seguros, combustível e gás, farmacêutica, retalho, telecomunicações e utilities. O estudo da Accenture incluiu 11 países: Alemanha, Brasil, Canadá, China, Espanha, EUA, França, Índia, Itália, Japão e Reino Unido.
Artigo publicado na edição de Agosto da Executive Digest.