‘Pressa’ em colocar doentes com covid-19 em ventiladores pode ter aumentado taxa de mortalidade, diz médica
A ‘pressa’ em colocar os doentes internados com covid-19 em ventiladores mecânicos, na primeira vaga da pandemia, pode ter aumentado a taxa de mortalidade, de acordo com a reitora da Faculdade de Medicina Intensiva de Londres, no Reino Unido, Alison Pittard.
Em Agosto, cerca de 84% das pessoas hospitalizadas com o novo coronavírus sobreviveram, em comparação com apenas 66% no início da pandemia, referiu a médica. Pittard aponta que existem agora algumas evidências que sugerem que o uso de ventilação mecânica pode ter um impacto negativo nos doentes.
“Inicialmente colocávamos os doentes diretamente em ventilação mecânica, pelo que os levávamos para os cuidados intensivos, eram sedados e colocados em ventiladores. Mas começámos lentamente a perceber que talvez pudéssemos tratar alguns pacientes sem ter de o fazer”, disse à Sky News.
A compreensão evolutiva dos médicos sobre o novo coronavírus aumentou a taxa de sobrevivência. Pittard referiu também que as equipas de cuidados intensivos utilizam agora uma variedade de intervenções para ajudar os doentes a respirar, pelo que a ventilação mecânica completa é o último recurso.
Requer que o paciente seja entubado e o ar seja depois empurrado para os pulmões, em vez de ser ‘sugado’ pela ação do diafragma. O processo de sedar o paciente, e em alguns casos até mesmo de induzir a paralisia de curto prazo para anular o seu reflexo respiratório, enfraquece os músculos respiratórios, explicou ainda a reitora.
Derek Hill, professor de imagiologia médica na University College London, também no Reino Unido, afirmou que “após 48 a 72 horas de forte sedação ou paralisia, os músculos respiratórios enfraquecem. Isto torna mais difícil o ‘desmame’ dos pacientes da ventilação mecânica para que possam suportar a respiração sem assistência”, acrescentou, citado pelo Daily Mail.
O processo prolonga ainda o período de assistência respiratória necessário e reduz a disponibilidade de ventiladores nas unidades de cuidados intensivos.