100 mil vozes dizem não à disputa política. Cientistas e médicos exigem combate à pandemia só com «critérios científicos»

Em Espanha, uma carta da comunidade científica e médica está a apelar aos partidos políticos e aos presidentes do Governo e das comunidades autónomas para cessarem o confronto político e para gerirem a pandemia com base unicamente em critérios científicos. A carta já foi assinada por quase 100.000 pessoas, indica o jornal espanhol Expansión.

Apoiada por 55 sociedades científicas e médicas, a carta adverte que a lentidão burocrática na resolução de questões legais, técnicas ou administrativas apenas agrava as soluções. A petição compila as dez recomendações que foram acordadas no “Primeiro Congresso Covid-19” realizado em Setembro, e tornou-se agora uma reivindicação para acrescentar assinaturas através de uma plataforma de participação do cidadão (Change.org).

A carta, que recebeu quase 100.000 assinaturas desde que foi lançada no último domingo como petição na referida plataforma, sublinha a necessidade de fornecer uma “resposta coordenada, equitativa e exclusivamente baseada em critérios científicos claros, comuns e transparentes”.

Sob o título “Na saúde, vocês estão no comando mas não sabem”, as exigências das sociedades médicas e científicas apelam aos políticos para aceitarem “imediatamente” que, para enfrentarem esta crise, devem basear-se nas melhores provas científicas disponíveis, “completamente desligados do confronto político contínuo”.

“Parem com tanta discussão e passem à ação” são outras ideias-chave da carta, que quer um protocolo nacional que estabeleça critérios comuns numa base exclusivamente científica, “sem a menor interferência ou pressão política”.

Estes critérios devem definir, na opinião destas organizações, regras gerais de prevenção, gestão dos doentes afectados, estratégias de rastreio de contactos e gestão dos centros de saúde social.

Apelam igualmente aos políticos, enquanto responsáveis por garantir o princípio da igualdade de todos os espanhóis nas estratégias de prevenção e nos recursos sanitários, a criar “agora” uma reserva estratégica nacional de material destinado à prevenção e ao tratamento de todos os doentes.

“Em nome de mais de 47 milhões de espanhóis, incluindo vós e as vossas famílias, devemos agora mudar tanta inconsistência política, profissional e humana”, alertaram ainda as sociedades, oferecendo conhecimentos em todas as áreas da saúde para colaborar com as administrações.

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