Haja coragem e empatia. «Europa tem de ir além da ciência para sobreviver à pandemia», alerta OMS

A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou que os países europeus têm de “ir além da ciência biomédica” para superar a Covid-19, à medida que a “fadiga pandémica” e as novas infeções aumentam rapidamente em toda a Europa.

A ciência médica por si só não será suficiente para ultrapassar a crise, advertiu o diretor regional da OMS para a Europa, Hans Kluge. As autoridades precisam de “coragem e empatia” para ouvir devidamente o público e desenvolver políticas baseadas numa melhor compreensão das necessidades e comportamentos das pessoas.

“A Covid-19 está a instar-nos a ir além da ciência biomédica na nossa resposta”, disse Kluge, citado pelo The Guardian. “Temos uma oportunidade de maximizar os nossos conhecimentos comunitários sobre o comportamento, e de integrar a participação real da comunidade na política de saúde pública”.

De acordo com o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC, na sigla em inglês), a União Europeia (UE) e o Reino Unido registaram 3,6 milhões de casos desde o início da pandemia, sendo Espanha (com 789.932 casos de Covid-19), França (619.170) e o Reino Unido (502.978) os mais afetados.

Após terem conseguido conter a propagação do vírus no início deste ano, através de confinamentos mais ou menos rigorosos e prejudiciais para a economia, muitos países estão a lutar para travar a segunda vaga do novo coronavírus.

A Espanha (com 319 novos casos por 100.000 habitantes nos últimos 14 dias), a França (com 247), a República Checa (311), a Holanda (243), a Bélgica (220) e o Reino Unido (163) estão entre os países que enfrentam taxas de infeção mais elevadas e estão, por isso, a implementar novas restrições.

Segundo Hans Kluge, a fadiga é natural. Os cidadãos têm feito “enormes sacrifícios para conter a covid-19, a um custo extraordinário que nos esgotou a todos”, salientou. “Nesta prolongada emergência de saúde pública, estes níveis de cansaço são de esperar”.

As autoridades precisam, primeiro, de “tomar o pulso das suas comunidades” para conceber estratégias “impulsionadas pelo crescente conjunto de provas que temos sobre os comportamentos das pessoas”, acrescentou. “A consulta, a participação e o reconhecimento das dificuldades que as pessoas estão a enfrentar são fundamentais”. Neste sentido, a comunidade deve ser considerada um “recurso”.

Com a aproximação das festividades de fim de ano, Kluge referiu ainda que o cansaço pandémico terá de ser combatido “de formas novas e inovadoras”, com abordagens criativas necessárias para “restaurar o prazer social, protegendo ao mesmo tempo as comunidades”.

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