Mudança para combustíveis mais limpos leva Shell a cortar até 9.000 empregos

A Royal Dutch Shell vai cortar até 9.000 postos de trabalho, uma vez que a gigante de petróleo está a implementar uma mudança energética que visa utilizar menos combustíveis fósseis.

A empresa anglo-holandesa disse esta quarta-feira que iria cortar entre 7.000 e 9.000 postos de trabalho até ao final de 2022, o que afecta, potencialmente, mais de 10% da sua força de trabalho. O total inclui 1500 pessoas que se voluntariaram para abandonar a empresa este ano, segundo indica a CNN.

As perdas de postos de trabalho fazem parte de uma revisão que visa reduzir os custos e simplificar a estrutura da empresa, à medida que transita para a utilização de energia com baixo teor de carbono. A Shell espera que a revisão proporcione uma poupança anual de custos até 2,5 mil milhões de dólares, até 2022.

“Temos de ser uma organização mais simples, mais racionalizada, mais competitiva, mais ágil e capaz de responder aos clientes”, disse o CEO Ben van Beurden numa declaração, citada pela CNN. “Não se enganem: este é um processo extremamente duro. É muito doloroso saber que acabará por dizer adeus a bastantes pessoas boas”, acrescentou.

A enorme quebra na procura de petróleo e gás causada pela pandemia está a pressionar algumas das maiores empresas energéticas da Europa a acelerar a mudança para combustíveis mais limpos. Em Junho, a Shell reduziu as suas previsões do preço do petróleo.

A Shell comprometeu-se a atingir emissões líquidas de zero carbono das suas próprias operações até 2050. Van Beurden disse quarta-feira que a empresa ainda vai produzir algum petróleo e gás até essa data, mas que vai vender “predominantemente” electricidade e biocombustíveis com baixo teor de carbono e hidrogénio.

“Temos de ser neutros em todas as nossas operações, o que implica grandes mudanças em refinarias, instalações químicas, instalações de produção em terra e offshore. Mas também significa que temos de mudar o tipo de produtos que vendemos”, acrescentou van Beurden.

No futuro, a empresa vai utilizar o seu negócio de exploração e produção de petróleo para gerar dinheiro que pode ser investido em produtos com baixo teor de carbono.

Alguns analistas pensam que a procura global de petróleo poderá nunca mais voltar ao seu recorde de 2019, esperando, em vez disso, que a pandemia vai remodelar permanentemente a forma como as pessoas vivem e viajam – e que os consumidores vão pressionar as empresas e os governos a abordar a crise climática com mais urgência.

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