Covid-19: É melhor aceitar que «não vamos voltar à normalidade», diz especialista

O “regresso à normalidade” tornou-se uma expressão bastante utilizada nesta pandemia, principalmente por políticos. No entanto, alguns especialistas e psicólogos consideram que é melhor aceitar que “as coisas, muito provavelmente, não vão voltar ao ‘normal'”.

“Os políticos que fingem que o ‘normal’ está mesmo ao virar da esquina estão a enganar-se a si próprios ou aos seus cidadãos, ou talvez a ambos”, disse Thomas Davenport, professor de tecnologia da informação e gestão do Babson College em Wellesley, nos Estados Unidos, em declarações à CNN.

Janeiro já passou há muito tempo e “não vai voltar”. Neste sentido, psicólogos consideram que talvez seja mais fácil “cortar laços” e aceitar esta ideia, do que pensar demasiado sobre o mundo pré-covid. O “perigo” vem do desejo da normalidade, em vez de se continuar a trabalhar na forma de lidar com o que quer que esteja para vir.

“As pessoas que sofrem tragédias acabam por regressar ao seu nível anterior de felicidade”, disse ainda Davenport. “Mas penso que a covid-19 é um pouco diferente, porque continuamos à espera que termine em breve. Portanto, não há necessidade de mudar permanentemente as atitudes das pessoas em relação a isso”.

A tendência para acreditar que a mudança é temporária e que o futuro voltará a assemelhar-se ao passado é frequentemente chamada “tendência para a normalidade”.

As pessoas que não se adaptam à mudança acreditam que aquilo de que se lembram como “normal” voltará, e adiam a alteração das suas rotinas ou perspectivas diárias.

De acordo com Davenport, as pessoas se recusam a usar máscaras podem ser motivadas pelo preconceito da normalidade, uma vez que percebem que a pandemia é uma intrusão na vida e uma moda passageira que não precisam de encarar.

Desde o início da pandemia, já foram registadas mais de 33 milhões de infecções e mais de 1 milhão de mortes por covid-19. Os Estados Unidos, a Índia e o Brasil são os três países, em todo o mundo, com mais casos, de acordo com dados da universidade Johns Hopkins.

As primeiras infecções por SARS-CoV-2 surgiram há nove meses atrás, em Dezembro de 2019, em Wuhan, na China. A pandemia foi declarada em Março deste ano.

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