Trump recusa comprometer-se com uma transição pacífica se perder as eleições

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem levantado dúvidas sobre a fiabilidade do sistema de voto por correio, que este ano deve ser massivo devido à pandemia, e, consequentemente, questiona a precisão do resultado das eleições presidenciais de 3 de Novembro. Nesta quarta-feira, foi mais longe e recusou comprometer-se com uma transição pacífica.

Na Casa Branca, Trump foi questionado directamente sobre o assunto. “Veremos o que acontece, sabem que reclamei muito das cédulas pelo correio, é um desastre completo”, respondeu.

Os Estados Unidos estão mergulhados numa crise sanitária e económica, devido à covid-19. A tensão agrava-se com os protestos raciais e motins a que o país tem assistido, que já causaram mortes em cidades americanas como Portland ou Kenosha.

Na Casa Branca, um dos jornalistas fez referência à tensão social crescente nos EUA. “Há pessoas a provocar motins, promete garantir uma transição pacífica de poder?”. Ao que Trump respondeu: “Queremos livrar-nos dessas cédulas fraudulentas e teremos uma transição pacífica, bom, não haverá transição, haverá uma continuação”, disse, considerando-se já o vencedor das eleições. “As cédulas estão fora de controlo e os democratas sabem disso melhor do que ninguém”, acrescentou.

Trump já questionou, durante a campanha eleitoral de 2016, aceitar o resultado das presidenciais caso perdesse, o que, contra a maioria das previsões da altura, não aconteceu. Agora, a situação coloca-se novamente, mas desta vez as circunstâncias são diferentes. Com a pandemia, a maioria dos estados flexibilizou os requisitos de voto pelo correio e até 78% do eleitorado dos EUA – um recorde – pode fazê-lo.

Muitos especialistas concordam que, por esta razão, é provável que o vencedor não seja conhecido logo na noite de 3 de Novembro, mas quando todos os votos colocados nas caixa de correio tiverem sido contados, dias depois.

Também nesta quarta-feira, em declarações à imprensa durante uma reunião com procuradores-gerais de vários estados, Trump destacou que as eleições podem acabar a ser disputadas no Supremo Tribunal Federal. Por isso, era urgente destituir a progressista juíza Ruth Bader Ginsburg, que faleceu na sexta-feira . A mais alta autoridade judiciária é composta por nove membros – se forem apenas oito, pode levar a um empate e bloqueio.

“Acho que isto vai acabar no Supremo Tribunal Federal e é muito importante termos nove juízes”, disse Trump. “É melhor [confirmar um novo magistrado] antes das eleições, porque acredito que essa fraude que os democratas estão a preparar vai acabar diante do Supremo Tribunal dos Estados Unidos”.

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