“Trump não tem sido assim tão honesto” sobre o Estado Palestiniano, acusa príncipe saudita
O antigo chefe dos serviços secretos sauditas, Príncipe Turki al-Faisal, questionou o papel do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nas recentes conversações pela paz entre os Emirados Árabes Unidos e Israel.
Em declarações à CNBC esta terça-feira, o príncipe Turki disse que Trump não tinha sido honesto sobre a questão do estatuto de Estado palestiniano. O príncipe acrescentou que o seu pai, o falecido rei Faisal, que governou o reino nas décadas de 1960 e 1970, teria ficado desapontado pelo facto de os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein terem assinado o recente acordo sem uma solução para os palestinianos.
“A sua decisão [do Rei Faisal} de impor sanções petrolíferas aos Estados Unidos depois dos americanos terem decidido dar mais ajuda a Israel durante a Guerra do Ramadão [em 1973] foi pela razão de forçar os Estados Unidos a serem um mediador honesto entre Israel e o mundo árabe”, disse o Príncipe Turki à CNBC.
“E devo dizer que o Presidente Trump não tem sido assim tão honesto. O falecido rei teria ficado desapontado”, reforçou.
Em 1973, o rei Faisal impôs um embargo petrolífero aos EUA e a outros países que ajudaram Israel durante o que Israel chama a “Guerra do Yom Kippur”. O rei salientou também a necessidade de Israel se retirar dos territórios árabes ocupados após a guerra de 1967.
Há muito que a Arábia Saudita está empenhada na criação de um Estado palestiniano, mas a narrativa alterou-se nos últimos anos. Numa entrevista de 2018 ao The Atlantic, o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman afirmou que os israelitas têm o “direito de ter a sua própria terra”.
“O reino ainda está empenhado na iniciativa de paz árabe e na emergência de um Estado palestiniano com a sua capital em Jerusalém”, disse ainda o príncipe Turki, primo do príncipe herdeiro da grande família real e há muito conhecido por ser um crítico do papel dos EUA no Médio Oriente.
Os “Acordos de Abraão”, assinados a 13 de Agosto pelos Estados Unidos e Israel, marcaram a normalização das relações diplomáticas entre os dois países. O Bahrain assinou o acordo dias mais tarde, fazendo dos EAU e do Bahrain o terceiro e quarto países árabes a normalizar as relações e a reconhecer Israel, depois da Jordânia e do Egipto.