FDA deturpou “grosseiramente” dados de plasma, acusam cientistas

Quando foi anunciada a aprovação de emergência do plasma sanguíneo para doentes hospitalizados com covid-19, o Presidente Donald Trump e dois dos seus principais oficiais de saúde citaram a mesma estatística: o tratamento reduzia as mortes em 35%.

No entanto, vários cientistas foram surpreendidos pela forma como a administração enquadrou estes dados, que parecem ter sido calculados com base num pequeno subgrupo de pacientes hospitalizados com covid-19 num estudo da Clínica Mayo. Tratavam-se de doentes com menos de 80 anos que não estavam em ventiladores e que receberam plasma conhecido por conter elevados níveis de anticorpos, no prazo de três dias após o diagnóstico, indica o ‘The New York Times’.

Além disso, muitos peritos – incluindo um cientista que trabalhou no estudo da Clínica Mayo – ficaram perplexos quanto à origem da estatística.

O número não foi mencionado na carta de autorização oficial emitida pela agência, nem num memorando de 17 páginas escrito por cientistas da Food and Drug Administration (FDA), autoridade do medicamento norte-americana. Também não foi mencionado numa análise conduzida pela Clínica Mayo, que tem sido frequentemente citada pela administração.

“Pela primeira vez, sinto que pessoas responsáveis por comunicações e pessoas da FDA deturparam grosseiramente dados sobre uma terapia”, disse Walid Gellad, que dirige o Centro de Política Farmacêutica e Prescrição na Universidade de Pittsburgh, em declarações ao ‘The New York Times‘.

É especialmente preocupante, acrescentou, dado que o presidente Donald Trump parece ‘politizar’ o processo de aprovação de tratamentos e vacinas contra o novo coronavírus.

Durante os próximos meses, à medida que surgirem dados de ensaios clínicos de vacinas, a segurança de milhões de pessoas dependerá do julgamento científico da FDA. “Isso é um problema se eles começarem a exagerar os dados”, disse ainda Gellad.

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