Alemanha discute semana de trabalho de quatro dias. Proposta de sindicato alemão tem apoio do governo
A Alemanha abriu o debate sobre a redução do número de dias de trabalho à semana – passando de cinco para quatro dias – de modo a proteger os empregos. O maior sindicato do país, o governo de Merkel e parte da oposição concordam com a ideia. Apesar do consenso, existem ainda dúvidas sobre a implementação e sobre o impacto nos salários.
O maior sindicato da Alemanha, a IG Metall, que representa cerca de 2,3 milhões de trabalhadores no sector metalúrgico e eléctrico, propôs a implementação da semana de trabalho de quatro dias em toda a indústria, para proteger postos de trabalho e libertar o Estado de gastos em ajuda directa para manter empregos.
A implementação da medida resultaria numa semana de trabalho de 28 horas. A mesma união, nos anos 90, conseguiu reduzir as 40 horas para 35.
A medida envolve, no entanto, a redução dos salários. A proposta do sindicato inclui um suplemento salarial à redução das horas de trabalho, o que se traduz num corte nos salários, embora não seja proporcional. O papel do Estado entraria nesta parte da equação – é pedido ao governo de Merkel um suplemento salarial – mas em troca o emprego seria preservado e as empresas não enfrentariam futuros despedimentos.
O presidente do sindicato, Joerg Hofmann, disse em declarações ao jornal alemão ‘Sueddeutsche Zeitung’ que “a semana de quatro dias seria uma resposta a mudanças estruturais em sectores como a indústria automóvel. Permitiria salvar postos de trabalho na indústria em vez de os ‘cancelar'”.
O ministro do trabalho do governo Merkel também se mostrou receptivo: “a redução do horário de trabalho pode ser uma medida apropriada se os parceiros sociais concordarem”.
Ao abrigo da proposta da IG Metall estão cerca de 5,6 milhões de trabalhadores. O sindicato exige também que se dê mais um passo em frente e que se implemente a semana de trabalho de 28 horas em todo o sector industrial.
Na Alemanha, a redução do horário de trabalho tem evitado grandes despedimentos em crises anteriores.
O debate sobre a redução do horário de trabalho não é exclusivo deste país. Recentemente, surgiu uma iniciativa semelhante na Finlândia e na Nova Zelândia.