Grécia expulsou mais de 1000 refugiados e abandonou-os em botes no alto mar
O governo grego expulsou secretamente mais de 1000 refugiados das fronteiras da Europa nos últimos meses, revela uma investigação do ‘The New York Times’. Muitos deles são transportados até à fronteira das águas territoriais gregas e são depois abandonados em jangadas insufláveis e, por vezes, botes salva-vidas sobrecarregados.
Desde Março, pelo menos 1.072 requerentes de asilo foram abandonados no mar por autoridades gregas em, pelo menos, 31 expulsões separadas, de acordo com o jornal americano, que entrevistou sobreviventes de cinco desses episódios.
“Foi muito desumano”, contou Najma al-Khatib, uma professora síria de 50 anos, que diz que foi levada de um centro de detenção, na ilha de Rodes, por oficiais gregos mascarados e abandonada num barco salva-vidas sem leme e sem motor, juntamente com 22 pessoas, incluindo dois bebés. Foram depois resgatados pela Guarda Costeira turca.
“Deixei a Síria por medo de bombardeamentos – mas quando isto aconteceu, desejei ter morrido numa explosão de uma bomba”, disse ao ‘The New York Times’.
Sob o argumento de que são ilegais segundo o direito internacional, as expulsões são uma tentativa do governo grego bloquear a migração marítima utilizando as suas próprias forças, desde o auge da crise migratória em 2015 – altura em que a Grécia era a principal via para migrantes e refugiados que procuravam entrar na Europa.
Ao jornal, o governo grego negou qualquer ilegalidade.
“As autoridades gregas não se envolvem em actividades clandestinas”, disse um porta-voz do governo, Stelios Petsas. “A Grécia tem um historial comprovado quando se trata de observar o direito internacional, convenções e protocolos. Isto inclui o tratamento de refugiados e migrantes”.
Desde 2015 que países europeus como a Grécia e a Itália têm confiado principalmente em procuradores, como os governos turco e líbio, para impedir a migração marítima. Actualmente, o governo grego está cada vez mais a tomar as questões nas suas próprias mãos, indica ainda a investigação.