Por: Dax Dasilva, Fast Company
Foi exactamente o que me aconteceu quando comecei como empreendedor, há quase 20 anos. E por mais doloroso que tenha sido, esta experiência de quase morte ensinou-me algo inestimável: o poder da liderança calma.
No mundo imprevisível de hoje, seja devido a acontecimentos económicos, ambientais ou políticos, pode ser mais difícil do que nunca manter a calma e o foco. Os líderes empresariais não são excepção. Porém, é fundamental aprenderem a manter a calma, porque é isso que dará o mote para o resto da equipa.
Stress e empreendedorismo
Não há como escapar às realidades brutais do empreendedorismo. Como este fundador e CEO pode atestar, o stress é uma parte infeliz disso. É por isso que três quartos dos proprietários de pequenas empresas estão preocupados com a sua saúde mental, enquanto mais de metade foi diagnosticada com ansiedade, depressão ou problemas relacionados com o stress.
À medida que uma empresa amadurece, surgem novos obstáculos e ansiedades. O empreendedor médio passa quase 70% do seu tempo a trabalhar “no” negócio — grande parte dele a apagar fogos.
Inevitavelmente, há dias e semanas em que os fracassos superam largamente as vitórias. Isto faz com que seja fácil ser arrastado para a negatividade. Mas se o líder agir com calma, pode ajudar todos os outros a dar o seu melhor no trabalho. Aqui estão alguns princípios que aprendi e que o podem ajudar a fazer exactamente isso.
1 – Não é o herói desta história
Muitos líderes empresariais sentem que lhes cabe a eles salvar o dia e sentem serem os únicos que podem resolver as coisas.
Mas esta é uma receita para altos vertiginosos e baixos devastadores. E acredite, os pontos baixos superam os pontos altos. Oscila entre a alegria e o desespero, e raramente encontra aquele meio-termo de calma de que precisa desesperadamente para tomar decisões estratégicas.
Uma abordagem muito mais útil é pensar em si como apenas um actor num drama maior. Claro, você é o chefe, mas canaliza forças maiores. Em última análise, é um instrumento que apoia e direcciona os talentos da equipa que o rodeia.
2 – A missão é realmente importante
Manter a calma é mais fácil com um sentido de propósito. As pessoas podem aceitar uma viagem difícil se souberem para onde vão e virem o progresso, por menor que seja.
É aqui que entra a sua missão. Só precisa de algo que todos possam apoiar. A missão da minha empresa é simples: ajudar as pequenas empresas a competirem num mundo de Amazon e Shein. Usar a tecnologia para capacitar os clientes é o nosso lema.
É importante realçar que isto precisa de ser mais do que um slogan num site ou um poster na parede. (Há uma razão pela qual apenas 25% dos colaboradores se sentem realmente informados sobre os objectivos da empresa, segundo o relatório de tendências de trabalho digital da Slingshot.) A sua empresa precisa de viver a missão, e os colaboradores precisam de compreender como ela se traduz em objectivos tangíveis e também ver progresso incremental.
Por mais enganador que possa parecer, os painéis e os monitorizadores podem ser inestimáveis aqui. Temos ecrãs em todo o nosso escritório a mostrar os principais KPI e o movimento ao longo do tempo. Também celebramos vitórias em reuniões mensais e reconhecemos os membros da equipa que levam a missão para a frente.
3 – Pense no impacto em vez de na urgência
O mundo das startups avança rapidamente. Em qualquer semana, haverá dezenas (senão centenas) de tarefas urgentes que exigirão a sua atenção.
Para se concentrar nas coisas que importam, precisa de pensar em termos de impacto, e não de urgência. Em vez de priorizar a sua lista de tarefas por período, restrinja-a às tarefas que realmente farão a diferença para si e para a sua empresa.
Com uma lista controlável, é mais fácil sair do modo de pânico e começar a trabalhar calmamente no que realmente importa. Usar a adrenalina — e tratar tudo como um alarme de incêndio — pode trazer resultados a curto prazo. Contudo, é uma receita infalível para o esgotamento da equipa, o que, em última análise, é ineficiente e contraproducente.
Fazê-lo correctamente não é possível sem prioridades a longo prazo. Definir uma estrela-guia ou um objectivo a longo prazo para a sua empresa permite-lhe ver o que deve priorizar e o que não deve.
4 – Lembre-se que a criação segue o rasto da destruição
Quando não estou a liderar um negócio, trabalho na conservação. Vi como a terrível violência de um incêndio florestal prepara o terreno para a reflorestação — e quão rapidamente essa recuperação pode acontecer.
Penso nisso sempre que sofro um revés, como perder um colaborador importante. Claro que dói, mas, na maioria das vezes, estas saídas preparam o terreno para mudanças e renovações muito necessárias. Dos momentos de devastação surgem novas oportunidades de crescimento.
5 – Quando estiver em dúvida, anote o bom e o mau
Os líderes calmos focam-se no positivo, mas também devem fazer um balanço do negativo.
Ao longo do ano, mantenho uma lista contínua dos meus “agradecimentos” e “pontos baixos”. O impacto real desta abordagem é retrospectivo. Olhando para trás, percebo muitas vezes que alguns dos pontos baixos não foram assim tão baixos. Na verdade, eles precisavam de acontecer e, por vezes, levaram a uma grande transformação. Um exemplo foi perder um negócio específico. No final, este acontecimento acabou por preparar a empresa para o sucesso, impulsionando-nos a explorar novos mercados.
No final, cada líder deve decidir como se quer apresentar à equipa. Na minha experiência, a calma vence sempre o pânico. Isto é particularmente verdade quando os riscos são elevados e as pessoas esperam que o seu líder baixe a temperatura. E agora, esta virtude pode ser mais valiosa do que nunca.













