Por Hugo Gomes, responsável de sustentabilidade da Lusanova
À medida que o Turismo ganha cada vez mais peso nas economias mundiais, impõe-se uma reflexão incontornável: será a sustentabilidade ambiental um dos critérios determinantes na escolha de destinos pelos viajantes? Acredito que sim e que esse caminho já começou a ser trilhado.
Nos últimos anos, temos assistido a uma crescente valorização não só do pilar ambiental, mas também do social, por parte dos consumidores. Estudos recentes comprovam essa tendência, impulsionada sobretudo pelas novas gerações de viajantes, mais conscientes do impacto das suas decisões. Embora ainda não se trate de um fator crítico em todas as escolhas, está a tornar-se, cada vez mais, um elemento diferenciador e inevitável no futuro do turismo.
Os desafios são, no entanto, vastos. O principal desafio passa por encontrar um equilíbrio entre a preservação ambiental e a atividade económica. Isso implica planeamento, regulação e investimento em infraestruturas e em serviços sustentáveis.
A nível internacional, os desafios diferem consoante o grau de desenvolvimento dos destinos, mas convergem em temas transversais como a gestão da água, dos resíduos, dos transportes e da pressão turística. Já em Portugal, os avanços são visíveis em várias frentes, mas subsiste a necessidade de uma maior articulação entre entidades públicas, privadas e comunidades locais, de forma a alcançar esse equilíbrio entre preservação ambiental e atividade económica.
Este equilíbrio será tanto mais urgente quanto maior for a pressão exercida pelos próprios consumidores. E é expectável que ela aumente. Cada vez mais viajantes irão exigir transparência e informação credível sobre os impactos das suas viagens, forçando destinos, hotéis, operadores e agências a adotarem práticas mais responsáveis.
É verdade que, num primeiro momento, algumas medidas sustentáveis podem implicar custos adicionais. Mas vejo esse investimento como essencial, não só para assegurar a qualidade da experiência turística e reduzir a pressão sobre os recursos naturais, como também para reforçar a resiliência e a competitividade do setor. A médio e longo prazo, a sustentabilidade deixará de ser encarada como um encargo para ser reconhecida como um motor de eficiência.
Neste processo, operadores e agentes de viagens têm uma responsabilidade central. Somos a ponte entre o consumidor e o destino: cabe-nos informar, sensibilizar e apresentar alternativas mais responsáveis, trabalhando lado a lado com parceiros locais que partilhem este compromisso.
O turismo, enquanto força transformadora, tem a capacidade de gerar desenvolvimento económico e social, mas só será verdadeiramente sustentável se assentar em práticas que respeitem o ambiente e as comunidades. Esse é o desafio do presente e, acima de tudo, a oportunidade do futuro.




