Peixe está mais barato na lota, mas subiu de preço no prato. Sardinha vai “animar um bocadinho” o mercado

Em 2023, o preço médio do peixe fresco descarregado nos portos portugueses registou uma queda de 6,8%, contrastando com um aumento da inflação de 4,3%. Apesar dos consumidores pagarem mais pelo peixe, os pescadores estão a receber menos. O preço médio do peixe fresco vendido nas lotas foi de 2,47 euros por quilo, menos 17 cêntimos que em 2022, conforme indicado pelas Estatísticas da Pesca 2023 do Instituto Nacional de Estatística (INE).

Aumento das Capturas de Cavala e Redução no Preço da Sardinha
A principal razão para a descida no preço médio do peixe é o aumento significativo das capturas de cavala, que subiram 52,4%, totalizando 32.222 toneladas, adianta o Jornal de Notícias (JN). Com um preço médio de pouco mais de 40 cêntimos por quilo, a cavala puxou a média global para baixo. Paralelamente, o preço da sardinha também diminuiu. Em 2023, 25 mil toneladas de sardinha foram vendidas a 1,07 euros por quilo, comparativamente aos 1,96 euros por quilo em 2019, quando as capturas foram de 9677 toneladas.

Humberto Jorge, presidente da Anopcerco – Associação Nacional das Organizações de Produtores da Pesca do Cerco, explica ao mesmo jornal que a redução das capturas na pesca polivalente, em espécies mais valorizadas como a pescada, a faneca e o polvo, também contribuiu para a descida do preço médio.

O mercado do peixe fresco tem sofrido grandes oscilações, atribuídas, em parte, à importação de peixe de Espanha pelas grandes superfícies. Humberto Jorge apela aos consumidores portugueses para exigirem saber a origem do peixe que compram, contribuindo assim para a sustentabilidade da pesca nacional. Com os santos populares à porta e o aumento do consumo de sardinha, espera-se que o mercado se “anime um bocadinho”, especialmente com a chegada do turismo e a restauração durante o verão.

Desempenho Regional: Norte Perde Importância
A frota pesqueira portuguesa descarregou 131,3 mil toneladas de peixe nos portos nacionais em 2023, um aumento de dez mil toneladas em relação ao ano anterior. Este volume traduziu-se em quase 340 milhões de euros, representando um aumento de 8,4% em quantidade e 1,3% em valor. A cavala e a sardinha lideram nas capturas.

A distribuição regional das capturas coloca a Península de Setúbal à frente, seguida pelo Oeste e Vale do Tejo e pelo Algarve. O Norte, que concentra mais de 30% dos pescadores, caiu para a quarta posição, com 13,8% da quantidade capturada de peixe fresco.

Humberto Jorge mantém a esperança com o recente acordo entre a Propeixe – Cooperativa de Produtores de Peixe do Norte e seis conserveiras para a compra de cinco mil toneladas de sardinha, considerando-o um bom sinal para os pescadores e uma solução para garantir o escoamento ao longo do ano.