Revolução do risco?

por Luís Paralvas, Herco, engenheiro de Risco

Quer a nossa organização esteja focada nos riscos tradicionais, em metas estratégicas ou num pouco de ambos, é essencial dispor das competências e das ferramentas adequadas para lidar com as constantes transformações que enfrentamos.

Novas formas de abordar o risco?
Num mundo em constante mudança é necessário procurar novas formas de abordar os riscos, novas formas de os pensar, o que podemos fazer de forma diferente, de modo a acrescentar valor às nossas organizações, ou seja, procurar novos paradigmas de gestão de risco e romper com o status quo.
As organizações estão em constante transformação sob a influência de novas tecnologias e de condições económicas, ambientais e sociais que se vão alterando, e com essas alterações surgem novos riscos. Neste contexto, precisamos de estar atentos e procurar antecipar os chamados riscos emergentes, identificar e antecipar tendências em matéria de gestão de riscos e aumentar os nossos conhecimentos, adquirindo novas habilidades para encontrar maneiras criativas de proteger as organizações, bem como orientar os recursos e permitir intervenções mais oportunas e eficazes. Porém, sabemos também que não podemos descurar os riscos conhecidos (tradicionais), porque os seus impactos mantêm-se, sendo por vezes difíceis de mitigar.
Por exemplo, um dos problemas de segurança de redes mais referido são os ataques cibernéticos. Embora tenha havido já vários casos de “apagões” alegadamente causados por ataques cibernéticos, alguns especialistas em segurança cibernética argumentam que apenas um reduzido número de casos produziu danos materiais confirmados. Isso não quer dizer, naturalmente, que devamos ignorar o risco destes ataques, pois o seu impacto potencial é enorme e deve ser protegido. Mas não devemos pensar que constituem a única ameaça para as nossas redes. Na conferência foi referido um caso bem mais “prático” e menos “moderno”, como o de ataques de pequenos roedores a cabos de transmissão, que podem causar interrupções significativas com danos, esses, sim, mais frequentes do que se possa pensar e com impactos muito elevados. Esta situação leva a pensar que vivemos num mundo onde, cada vez mais, coexistem os riscos mais sofisticados com os riscos já nossos conhecidos, sendo que, por vezes, estes assumem novas “roupagens”, como foi o caso do terrorismo após o 11 de Setembro, obrigando-nos a repensar a sua abordagem.