O Irão vai realizar eleições presidenciais a 28 de junho, após a morte de Ebrahim Raisi num acidente de helicóptero no passado domingo. De acordo com a Constituição da República Islâmica, o vice-presidente Mohammad Mokhber assume o cargo de presidente interino durante 50 dias para preparar o ato eleitoral.
Agora, os candidatos a presidente poderão inscrever-se a partir de 30 de maio e serão avaliados pelo Conselho Guardião, um órgão de 12 membros de clérigos e juristas que administra as eleições. De acordo com muitos analistas iranianos, segundo o ‘National News’, publicação dos Emirados Árabes Unidos, é provável que o ‘establishment clerical e o líder supremo, o ayatollah Ali Khamenei, desejem um presidente semelhante a Raisi, um clérigo ultraconservador que desconfia profundamente dos Estados Unidos e de Israel – nas últimas eleições, o Conselho Guardião dificultou a candidatura dos reformistas.
E quem são os principais candidatos?
Mohammad Mokhber
Nascido a 1 de setembro de 1955, Mokhber, assim como Raisi, é visto como próximo do líder supremo, o ayatollah Ali Khamenei, que tem a última palavra em todos os assuntos de Estado. Tornou-se vice-presidente em 2021, quando Raisi foi eleito presidente. Fez parte de uma equipa de autoridades iranianas que visitou Moscovo em outubro e concordou em fornecer mísseis terra-superfície e mais drones aos militares russos, segundo a agência ‘Reuters’.
Anteriormente, foi presidente da Setad, fundo de investimento ligado ao líder supremo. Em 2010, a UE incluiu Mokhber numa lista de indivíduos e entidades que estava a sancionar por alegado envolvimento em “atividades nucleares ou de mísseis balísticos”, tendo sido retirado da lista dois anos depois. Em 2015, o Departamento do Tesouro dos EUA adicionou a Setad e 37 empresas que supervisionava a uma lista de entidades às quais Washington impôs sanções.
Mohammad Bagher Ghalibaf
Nascido em 23 de agosto de 1961, Ghalibaf é presidente do Parlamento iraniano desde 2020 e foi autarca de Teerão de 2005 a 2017. Foi também chefe da polícia do Irão (2000-2005) e comandante da Força Aérea da Guarda Revolucionária (1997-2000). Caso concorra nas eleições antecipadas deste ano, será a sua quarta tentativa.
Ex-chefe da polícia e membro da Guarda Revolucionária, tem jogado com a sua imagem de durão no passado: Ghalibaf perdeu força nas eleições de 2013, depois de o seu rival, Rouhani, ter denunciado que ele havia proposto permitir protestos estudantis em 1999 para que as forças de segurança pudessem reprimi-los.
Ali Larijani
Nascido a 3 de junho de 1957, o ex-presidente do Parlamento, que ocupou o cargo de 2008 a 2020, provavelmente tentará outra candidatura. Esta será a sua segunda tentativa depois de ter ficado em sexto lugar nas eleições de 2005, quando obteve 5,83% do total de votos.
Larijani é considerado uma voz conservadora proeminente de longa data, que mais tarde se aliou ao presidente relativamente moderado do Irão, Rouhani. Ex-comandante da Guarda Revolucionária paramilitar do Irão, serviu anteriormente como ministro da Cultura e Orientação Islâmica e como chefe da emissora estatal do Irão.
A família de Larijani inclui membros proeminentes da teocracia iraniana, sendo que o seu irmão clérigo já serviu como chefe do poder judicial iraniano. O seu pai foi um ayatollah proeminente.
Mohammad Javad Zarif
Nascido a 7 de janeiro de 1960, em Teerão, Zarif serviu como ministro dos Negócios Estrangeiros (2013-2021): foi educado nos EUA e é fluente em inglês.
O seu mandato marcou um período significativo de envolvimento com o Ocidente – liderou a equipa de negociação do Irão no histórico Plano de Ação Conjunto Abrangente (JCPOA) em 2015, que visou conter o programa nuclear do Irão em troca do alívio das sanções.
Zarif culpou as sanções dos EUA às peças da aviação pela queda do helicóptero que matou o presidente Raisi. “Um dos culpados pela tragédia de ontem são os Estados Unidos, devido às suas sanções que impedem o Irão de adquirir peças essenciais para a aviação”, acusou.
Saeed Jalili
Nascido a 6 de setembro de 1965 na cidade de Mashhad, Jalili dedicou a sua carreira a servir o seu país em diversas funções. Tem um doutoramento em ciências políticas e tem sido um interveniente fundamental na definição da política externa do Irão durante décadas.
Jalili serviu como negociador-chefe nuclear do Irão entre 2007 e 2013 e liderou a delegação de Teerão nas conversações nucleares, ganhando reputação pela sua defesa dos interesses nacionais.
Atualmente é membro do Conselho de Discernimento de Conveniência, órgão consultivo administrativo originalmente criado para resolver divergências ou conflitos entre o Parlamento e o Conselho Guardião. Serviu na Guerra Irão-Iraque como membro dos voluntários Basij.













