Mais de 1,3 mil milhões de toneladas de resíduos plásticos fluirão para os oceanos e terras, de todo o mundo, durante as próximas duas décadas, de acordo com um grupo de cientistas que desenvolveu um novo modelo para rastrear o fluxo da poluição global por plásticos.
A produção de plástico de uso único aumentou nas últimas décadas, enchendo oceanos e terras com resíduos e sobrecarregando a capacidade dos sistemas de gestão, triagem e reciclagem de resíduos em todo o mundo.
Embora uma ação global possa conseguir uma redução no consumo e poluição através dos plásticos, alcançando até uma mitigação da poluição de cerca de 80%, mesmo no melhor cenário deste esforço no mediato, cerca de 710 milhões de toneladas de plástico serão despejadas no meio ambiente até 2040, de acordo com o novo relatório elaborado pela Universidade de Leeds, no Reino Unido.
“Esta pesquisa científica deu-nos pela primeira vez uma visão abrangente das quantidades impressionantes de resíduos plásticos que estão a ser despejados nos ecossistemas terrestres e aquáticos”, disse Costas Velis, professor da Universidade de Leeds, autor do relatório, em comunicado.
Os cientistas alertam ainda que o aumento do plástico de uso único, que deve aumentar em 40% na próxima década, tornou-se mais problemático durante a pandemia de coronavírus, com estados e países a afastar-se de produtos reutilizáveis e muitos municípios a reduzirem as operações de reciclagem devido às medidas restritivas.
Para piorar a situação, a pandemia também interrompeu os sistemas globais de gestão de resíduos e causou cortes significativos nos preços do plástico.
O estudo mostra ainda que os resíduos plásticos que fluem para os oceanos todos os anos deverão duplicar até 2040, matando mais vida marinha e entrando na cadeia alimentar humana. A maioria das embalagens plásticas agregadas é usada apenas uma vez e depois descartada, com a maior fonte de poluição proveniente de resíduos urbanos das famílias.
Mesmo que os governos se comprometam a reduzir o desperdício de plástico, nas próximas duas décadas cerca de 133 milhões de toneladas de plástico serão queimadas, 77 milhões de toneladas serão despejadas em terra e 29 milhões de toneladas acabarão no oceano, projetam ainda os cientistas.
Defendendo que a recolha de lixo é a forma mais relevante de reduzir a poluição, enfatizam que não há uma solução única para mitigar a poluição por plásticos. O relatório pede uma mudança drástica na cadeia global de fornecimento de plásticos para conter o seu influxo no meio ambiente.
Uma combinação de reduzir a produção e o consumo de plástico, substituir o plástico por papel ou produtos compostáveis, criar produtos recicláveis, expandir a capacidade de recolha de resíduos em todo o mundo e reduzir as exportações de resíduos poderia reduzir o fluxo de plástico nos oceanos em 80% até 2040, detalha o relatório.














