Sustentabilidade no imobiliário: Redefinir o futuro em 2025

Opinião de Nuno Fideles, Head of Sustainability da Savills

Executive Digest
Fevereiro 11, 2025
12:29

Por Nuno Fideles, Head of Sustainability da Savills

A sustentabilidade tornou-se, nos últimos anos, um tema central no imobiliário, refletindo não só uma necessidade urgente de resposta às crises ambientais globais, mas também um imperativo para alcançar as metas que se aproximam a largos passos. O mercado imobiliário, tal como muitos outros setores, está a ser pressionado a adaptar-se a um novo paradigma, que não apenas leva em consideração o impacto ambiental, mas também as suas implicações sociais e económicas. Este ano, assistiremos a um reforço desta tendência, com novas práticas e desafios, que exigem uma reflexão mais profunda sobre o que significa, de facto, ser sustentável no mundo imobiliário.

Um dos focos principais está na evolução dos relatórios corporativos relacionados com a natureza. Mais de 500 empresas e instituições financeiras comprometeram-se a aderir à Taskforce for Nature-Related Financial Disclosures (TNFD), refletindo uma crescente preocupação com a preservação da biodiversidade e a integração de riscos ambientais nas decisões de investimento. A Global Reporting Initiative (GRI) também revisou os seus padrões de biodiversidade, enquanto a Science Based Targets Network (SBTN) anunciou metas baseadas na ciência para a natureza. Espera-se pois, um aumento significativo dos relatórios de sustentabilidade no setor imobiliário, com maior ênfase na proteção ambiental, sem descurar o lado social e governança.

A colaboração estreita entre todos os “stakeholders” é essencial!!

A resistência à mudança, muitas vezes presente nas organizações, exige um esforço contínuo de diálogo e cooperação para a transformação do setor.

Para que as políticas climáticas sejam eficazes, os profissionais de sustentabilidade precisam de fortalecer a comunicação entre todos e estabelecer parcerias para promover inovações e garantir a adoção de práticas sustentáveis.

Simultaneamente, o aumento da complexidade dos requisitos de relatórios de sustentabilidade exige que se fortaleçam os mecanismos de verificação e validação dos dados apresentados. À medida que as informações sobre impacto ambiental, social e de governação (ESG) se tornam mais detalhadas, torna-se necessário garantir que os dados não apenas sejam completos, mas também fiáveis. A verificação independente de terceiros surge, assim, como uma etapa essencial para garantir a transparência e credibilidade das informações disponibilizadas ao público e aos investidores.

A descarbonização, por sua vez, é um dos maiores desafios a curto prazo. Com os prazos para a neutralidade carbónica a aproximarem-se, a redução das emissões de gases de efeito estufa nas propriedades imobiliárias é imperativa. A adoção de tecnologias mais verdes, tanto em edifícios novos como na adaptação de infraestruturas existentes, é uma prioridade para cumprir as metas climáticas globais.

A evolução do conceito de sustentabilidade no imobiliário vai, no entanto, além das questões ambientais. O foco nas dimensões sociais da sustentabilidade começa a ganhar cada vez mais relevância, com iniciativas como a Taskforce on Inequality and Social-related Financial Disclosures (TISFD) a promoverem a criação de uma linguagem comum para relatar os impactos sociais das empresas. A sustentabilidade social implica a promoção de justiça social, inclusão e diversidade, áreas em que o setor imobiliário tem um papel crucial a desempenhar, seja na construção de habitação acessível, seja no desenvolvimento de comunidades resilientes e integradas.

Finalmente, a resiliência social torna-se um objetivo cada vez mais relevante, não apenas na perspetiva de mitigação de riscos, mas também como uma forma de gerar valor a longo prazo. O GRESB tem contribuído para o amadurecimento do mercado imobiliário, introduzindo novos indicadores que valorizam a inclusão social e a justiça. Os gestores de ativos têm, assim, de olhar para os seus portfólios não apenas sob o prisma financeiro, mas também considerando os impactos nas comunidades locais e a forma como as suas ações podem promover uma maior equidade social.

O setor imobiliário está, portanto, a viver uma mudança profunda e necessária.

A sustentabilidade, que antes era vista apenas como uma tendência, tornou-se um fator estratégico essencial para garantir a viabilidade e o sucesso a longo prazo. Não se trata apenas de cumprir exigências regulatórias ou de responder à pressão social, mas de redefinir o próprio conceito de desenvolvimento, construindo um futuro em que as cidades e as comunidades se tornem mais verdes, inclusivas e resilientes.

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