Investir de forma inteligente: dívida pública ou imobiliário?

Por Simão Cruz, Country Director Portugal, Urbanitae

Quando se procura investir com segurança, não há muitas opções tão viáveis quanto os títulos de dívida pública. O risco é baixo, e a rentabilidade – dependendo do contexto – pode ser atrativa, tornando esta opção de investimento muito popular. No entanto, como qualquer instrumento financeiro, tem os seus prós e contras.

Quando se pensa em investimentos seguros, a dívida pública surge-nos quase de imediato como uma escolha natural. Os seus títulos, como as Obrigações do Tesouro e os Certificados de Aforro, são suportados pelo Estado, pelo que oferecem segurança e uma rentabilidade fixa, e muitas vezes são mais acessíveis do que outros tipos de investimento.

Contudo, é preciso também ter em conta que a rentabilidade dos investimentos em dívida pública raramente supera a inflação, limitando o crescimento real do capital investido, e mais ainda em períodos de inflação elevada, como vivemos agora. Por exemplo, os Certificados do Tesouro em Portugal oferecem rendimentos que, embora superiores aos das contas poupança, dificilmente ultrapassam a taxa de inflação. Isto significa que, em termos reais, o poder de compra do investidor pode não aumentar significativamente.

Outra desvantagem da dívida pública é o risco associado à variação das taxas de juro. Quando estas aumentam, o valor dos títulos existentes pode diminuir, resultando em perdas para quem decide vendê-los antes do prazo de vencimento. Para além disso, a liquidez, embora geralmente alta, pode ser limitada no caso de títulos de longo prazo, tornando difícil a venda rápida sem incorrer em perdas.

Em contraste, o investimento imobiliário apresenta-se atualmente como uma alternativa bastante atrativa – especialmente quando tal acontece através de plataformas de crowdfunding. De facto, o crowdfunding imobiliário democratizou o acesso ao mercado imobiliário, permitindo que pequenos investidores participem em grandes projetos. Em vez de comprar a totalidade de um imóvel, o investidor pode adquirir uma participação num projeto maior, diversificando o seu portefólio e reduzindo o risco individual. Para além disso, as plataformas de crowdfunding são reguladas pela CMVM, que garante a segurança e transparência das operações.

Assim, este tipo de investimento permite aos investidores participar em projetos imobiliários com um capital inicial relativamente baixo, a partir de 500 euros, garante uma proteção eficaz contra a inflação, e os retornos potenciais são significativamente superiores aos da dívida pública.

Uma das principais vantagens do investimento imobiliário é, por outro lado, a possibilidade de obter rendimentos passivos através do arrendamento. Nos projetos de rendimento, os investidores recebem dividendos periódicos, que podem rondar por exemplo os 5% anuais. Estes rendimentos são fixados por contrato e indexados ao IPC, proporcionando um rendimento estável e protegido contra a inflação.

É importante notar que o mercado imobiliário em Portugal tem mostrado resiliência, com a compra e venda de imóveis a atingir níveis elevados nos últimos anos. Embora 2024 possa ser um ano de relativa moderação devido ao aumento constante das taxas de juro, a procura por habitação, especialmente para arrendamento, continua em alta. Isto torna o investimento imobiliário uma opção sólida quem procura diversificar as suas carteiras e obter retornos superiores aos oferecidos pela dívida pública.

Em suma, quando estiver a considerar onde investir os seus recursos, é essencial avaliar o equilíbrio entre segurança e potencial de rentabilidade, bem como observar as variações económicas e políticas. Se por um lado a dívida pública oferece estabilidade e previsibilidade, o investimento através de crowdfunding imobiliário pode proporcionar retornos substancialmente maiores, diversificando e fortalecendo a sua carteira de investimentos. A escolha ideal dependerá dos objetivos financeiros individuais, do horizonte temporal que impuser e da sua tolerância ao risco. Para quem estiver disposto a assumir um pouco mais de risco em troca de um potencial de retorno significativamente maior, o crowdfunding imobiliário é uma alternativa cada vez mais viável e atraente e que deve sempre ser tida em conta.

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