Inovação: mais do que uma ”moda”, uma necessidade

Por Hélio Jesus, responsável por Tecnologia e Inovação na Siemens Portugal

A inovação tem sido um dos grandes motores de crescimento e desenvolvimento das sociedades, permitindo a criação de melhores condições de vida e dando resposta aos desafios com que vamos sendo confrontados. É curioso como a inovação, essa característica tão intrínseca à espécie humana, nos  desafia a procurar soluções novas e engenhosas, mesmo nas situações mais adversas. Nesta altura particularmente desafiante, em que o mundo se defronta com desafios de diferentes natureza, a inovação, embora frequentemente mencionada como um chavão que está muito em voga, é, mais do que uma vontade, uma necessidade imperativa.

Desafios complexos, como as alterações climáticas ou as alterações demográficas, exigem respostas eficientes.  É através do espírito criativo e inovador que nos define como espécie que conseguiremos encontrar soluções à altura. Esta é, por isso, uma área cuja importância deve ser clara para todas as empresas e Governos, sobretudo porque é uma área na qual seguramente juntos vamos mais longe.

De acordo com o European Innovation Scoreboard – ranking europeu elaborado anualmente pela Comissão Europeia -, deste ano, Portugal continua entre os países classificados como inovadores moderados, com um desempenho de 83,5% face à média da União Europeia. O país ocupa agora a 23.ª posição, o que representa uma queda face ao ano anterior. Apesar de um bom desempenho em indicadores como o apoio governamental à I&D empresarial, a percentagem de estudantes estrangeiros em doutoramentos e em copublicações público-privadas, há outros aspectos nesta “quadratura do círculo” que requerem atenção.

Para isto contribuem diferentes fatores, mas de uma coisa estou certo: não é por falta de espírito de inovação. Em Portugal somos extremamente inovadores, sendo este ADN parte da cultura portuguesa. Contudo, precisamos de melhor organização e, sobretudo, transformar e industrializar esta inovação em produtos, soluções, serviços e modelos de negócio que possam ser escalados para os quatro cantos do mundo.

No que à inovação diz respeito, os dados mostram o muito que se evoluiu ao longo destes últimos anos. Mas devemos ser pautados por uma ambição maior, que permita acelerar esta evolução, para reforço da nossa economia e da sociedade. Importa também lembrar que a inovação e a criatividade não existem sem falhas. Como sociedade, precisamos de perder o medo do risco e abraçar um risco calculado e partilhado.

É por isso fundamental caminhar num espírito de comunidade, trabalhando em conjunto para transformar o conhecimento e competências que o país tem em algo escalável e produtizável. Esta é uma verdade válida para todos, incluindo empresas com maior dimensão e com uma presença global, como a Siemens. É necessário um modelo de inovação aberta e trabalhar em ecossistema, partilhando valências e fraquezas. Quando juntamos forças criamos valor acrescentado e esse é um ambiente para o qual seguramente queremos contribuir.

Só desta forma será possível criar e dar resposta aos desafios dos diferentes setores e indústrias, caminhando para um futuro descarbonizado e com novos modelos de negócio.

Tenhamos uma certeza: já estamos a caminhar na direção certa, sendo já visível o impacto de soluções inovadoras em diferentes setores, desde as infraestruturas, à indústria, sem esquecer a mobilidade ou a saúde. Cabe-nos continuar a trilhar este caminho, sendo menos críticos de nós próprios e deixando para trás a vergonha de querermos assumir uma presença global, sempre orientados pelo propósito de criar tecnologia com impacto positivo.

Para terminar, recordo uma frase dita por Werner von Siemens, em 1865, mas que ainda hoje considero relevante: “Ideias sozinhas têm pouco valor. A importância de uma inovação reside na sua implementação prática.”.

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