GenAI, uma (r)evolução na formação

Por Joana Teixeira, Head of Digital Learning da Cegoc

A evolução da Inteligência Artificial Generativa (GenAI) está a transformar a forma como abordamos a aprendizagem e a formação nas organizações. Num mundo cada vez mais volátil e complexo, onde as necessidades mudam rapidamente, a necessidade de uma formação just-in-time tornou-se uma prioridade. Neste contexto, esta tecnologia surge como uma poderosa ferramenta capaz de facilitar o acesso a conteúdos personalizados e adaptáveis, oferecendo aos alunos um percurso de aprendizagem diferenciado e eficiente.

 

GenAI: Novas oportunidades na aprendizagem e formação

A GenAI tem o potencial de revolucionar a forma como aprendemos, com a oferta de uma série de benefícios. Desde logo, pode adaptar os conteúdos de aprendizagem às necessidades individuais, ao levar em conta preferências e níveis de conhecimento. O que permite uma experiência de aprendizagem mais personalizada e eficaz.

Também se destaca por possibilitar que cada formando escolha o tipo de conteúdo que melhor se adequa ao seu estilo de aprendizagem, o que facilita a aquisição de conhecimentos. Permite, igualmente, fornecer conteúdos em formato de microaprendizagem, o que auxiliará na retenção e aplicação de conhecimentos. Além disso, os chatbots podem oferecer suporte em tempo real, com resposta a dúvidas e ao proporcionar feedback imediato.

Por fim, ao oferecer acesso a uma ampla gama de informações, a GenAI permite que os formandos adquiram novas competências, inclusive interdisciplinares, o que promove uma aprendizagem mais abrangente.

No entanto, apesar das oportunidades, a introdução da Inteligência Artificial na aprendizagem traz consigo certos riscos. Há a possibilidade de disseminar conteúdos mais simplistas ou tendenciosos, o que pode levar à perda de confiança por parte dos formandos. Ou, até, resultar numa redução do pensamento crítico e da criatividade, o que torna os utilizadores entes passivos, diante de conteúdos que não desafiam as suas competências cognitivas.

 

As limitações atuais da GenAI

Apesar de seu potencial transformador, a GenAI enfrenta limitações significativas. Embora esta seja uma tecnologia capaz de analisar dados do foro comportamental, a compreensão empática e a gestão das emoções humanas são áreas onde ainda não consegue alcançar a complexidade necessária para atender às necessidades pessoais e sociais dos formandos.

Existem, igualmente, lacunas ao nível da criatividade e pensamento crítico avançado, uma vez que não consegue substituir o pensamento crítico e inovador, fruto da experiência e reflexão humanas. Bem como a impossibilidade de desenvolver uma aprendizagem experiencial, algo inerente aos humanos. A IA pode simular cenários, mas a verdadeira compreensão que advém da experiência prática ainda é uma capacidade exclusiva do ser humano.

A GenAI também não possui a capacidade de interpretar as nuances das interações sociais, como gestos e tons de voz, o que limita a eficácia em fornecer aconselhamento personalizado. Nem toma decisão éticas e baseadas em valores, processos complexos nos quais não é capaz de replicar totalmente, pois envolvem um raciocínio moral profundo.

 

A importância da regulação e ética na GenAI

À medida que a GenAI avança, a regulamentação e a ética tornam-se pilares fundamentais para garantir a sua utilização de forma segura e benéfica. A aprovação do Regulamento Inteligência Artificial, pelo Parlamento Europeu em 2024, é um marco nessa direção, ao estabelecer diretrizes para proteger os direitos fundamentais e impulsionando a inovação.

A UNESCO, através da “Recomendação sobre a Ética da Inteligência Artificial”, enfatiza a necessidade de abordar as implicações éticas na área da formação e outros setores. Dentro das diversas recomendações, destacam-se a promoção da alfabetização em IA, o desenvolvimento de competências fundamentais, como pensamento crítico e literacia mediática, e a inclusão de grupos sub-representados em programas de educação em IA.

A GenAI representa uma revolução no mundo da formação. Contudo, o seu uso eficaz depende de um equilíbrio cuidadoso entre as potencialidades da IA e o valor intrínseco das competências humanas. Pode ser uma poderosa aliada no processo de aprendizagem, desde que utilizada de maneira consciente e responsável, com uma atenção especial à ética e à regulamentação. Assim, os formadores têm um papel crucial, ao garantir que esta é uma ferramenta de apoio e não um substituto da criatividade, do pensamento crítico e da empatia humanas.

 

 

 

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