Demissão do Primeiro-Ministro e as consequências para o mercado imobiliário

Por Miguel Mascarenhas, Cofundador da Imovendo

No passado dia 7 de Novembro, o Primeiro-Ministro português, António Costa, apresentou a sua demissão do cargo. Ficámos com dossiers “pendurados” e muitas questões sobre o futuro económico, social e político do país. É neste contexto de mutabilidade política, queda do poder de compra e instabilidade económica, que nos parece importante avaliar o impacto que esta notícia pode ter no mercado imobiliário e que expectativas devem ter os proprietários e compradores.

Se a implementação do programa “Mais Habitação” ainda deixa muitas dúvidas sobre as medidas a que se propõe, havendo uma divisão geral entre o reconhecer das oportunidades ou o denunciar dos entraves que este pacote trouxe para o mercado, e cuja instabilidade consequente afeta, sobretudo, as perspetivas dos proprietários, mais uma pedra política para o charco em que se encontra a habitação é, no mínimo, indesejável.

Não é, portanto, descabido acreditar que a relação entre a oferta e a procura de imóveis sofrerá mutações. Por um lado, temos muitas pessoas cujas necessidades de liquidez, para suprimir dívidas ou evitar contraí-las, as obrigam a colocar as suas casas à venda. Por outro, temos compradores que não se querem ver endividados neste contexto de taxas de juro altíssimas e fragilidade política, o que as obriga a adiar a decisão de comprar casa.

Com a dinâmica entre relação e procura de imóveis, na nossa previsão, afetada, a variação nos preços das casas é uma inevitabilidade e prevê-se uma estagnação no mercado que pode durar meses, até novas certezas e garantias serem dadas aos portugueses. É importante, por mais difícil que seja, visto estarmos a falar de um bem, muitas vezes, emocional e de valor elevado, que as agências imobiliárias e outros atores do sector tenham um papel pedagógico e de gestão de expectativas junto de quem procura fazer negócio no rescaldo destas instabilidades políticas.

A imovendo acredita hoje, ainda mais do que ontem, ser importante tomar medidas concretas sobre a habitação (novas construções, arrendamento, etc.), mudar a lógica percentual de comissões imobiliárias, profissionalizar o sector e olhar definitivamente para o mercado imobiliário como um dos espelhos da condição económica de um país.