Como atrair o melhor talento e promover a inclusão de mulheres no setor de TI em Portugal

Por Rita Tavares, Talent Acquisition Leader na Natixis em Portugal

A indústria da Tecnologia da Informação (TI) em Portugal está em plena expansão, não é de agora como sabemos, revelando um mercado dinâmico e repleto de oportunidades. Na verdade, o país encontra-se numa posição singular para se tornar um hub tecnológico de referência na Europa. No entanto, para sustentar este crescimento e continuar a inovar, é essencial enfrentar dois grandes desafios: a escassez de profissionais qualificados e a sub-representação das mulheres na área de TI. Felizmente, existem várias estratégias promissoras para transformar esses desafios em oportunidades.

A primeira abordagem envolve a reformulação da educação e da formação contínua. Atualizar os conteúdos programáticos através de parcerias entre universidades e empresas de tecnologia pode assegurar que os cursos ofereçam conhecimentos e competências alinhados com as necessidades do mercado. Além disso, programas intensivos de formação, como bootcamps ou academias de reskilling, surgem como alternativas eficazes para capacitar rapidamente os novos profissionais. Paralelamente, incentivar a aprendizagem ao longo da vida, através de ações de upskilling, pode manter os profissionais atuais preparados para novas tecnologias e desafios.

A atração e retenção de talento são também fundamentais. Oferecer pacotes de benefícios competitivos, oportunidades de crescimento bem definidas e um ambiente de trabalho flexível pode ajudar a reter talentos. A escolha de modelos de trabalho remoto ou híbrido permite que as empresas tenham acesso a uma pool global de talentos, oferecendo maior flexibilidade aos profissionais. Além disso, incentivos fiscais e subsídios oferecidos às empresas facilitam tanto o recrutamento local de profissionais juniores, através de programas de estágios, quanto o recrutamento internacional, ao abrir portas para países com maior disponibilidade de profissionais qualificados.

Outro fator chave para a inovação e competitividade no setor tecnológico é a diversidade. Promover a inclusão das mulheres em TI não é apenas uma questão de equidade, mas também de eficácia empresarial. Para aumentar a participação feminina no setor de tecnologia, podem ser implementadas diversas estratégias. A educação e a sensibilização desempenham um papel crucial: campanhas de consciencialização que desconstroem estereótipos de género e promovem carreiras em tecnologia desde cedo podem despertar o interesse de meninas e jovens mulheres pelo setor. Organizar hackathons e competições que incentivem a presença feminina em TI ajuda a aumentar a visibilidade e o interesse na área. Além disso, destacar mulheres bem-sucedidas na tecnologia serve como uma fonte de inspiração preponderante para as novas gerações.

Criar ambientes de trabalho inclusivos é igualmente essencial. Implementar políticas de igualdade de género que assegurem a meritocracia e a igualdade salarial e de oportunidades de crescimento para todos os géneros é crucial para um ambiente justo e acolhedor. Adicionalmente, programas de mentoria e redes de apoio específicas para mulheres oferecem o suporte necessário para que possam prosperar nas suas carreiras.

Para transformar o setor de TI em Portugal, é necessário um esforço coletivo e coordenado de todos os stakeholders envolvidos. Com abordagens estratégicas para enfrentar a escassez de talentos e promover a inclusão das mulheres, o país pode consolidar-se como um líder tecnológico na Europa. Ao transformar desafios em oportunidades, podemos acreditar num futuro promissor e inclusivo para a indústria tecnológica portuguesa.

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