A fadiga da transformação está a sabotar os negócios

Por Alex Adamopoulos, CEO da Emergn

Num mundo onde tudo muda a uma velocidade alucinante, se não estamos a inovar, estamos a prejudicar o nosso negócio. O mais recente relatório sobre inovação do Reino Unido reforça este pensamento: os projetos de inovação caíram drasticamente, de 45% em 2018-2020 para apenas 36% em 2020-2022. Ainda mais alarmante, 70% dos programas de transformação falharam redondamente. O que pode estar a acontecer? A fadiga da transformação está muitas vezes a levar empresas ao fracasso.

A verdade é que a fadiga da transformação não é só um termo inventado por consultores, é um problema real. A nossa experiência permite-nos identificar alguns dos tipos mais comuns de fadiga, principalmente relacionados com o tempo dispensado para o processo, a metodologia e o uso de hábitos antigos. Muitas empresas querem que as suas iniciativas de transformação atinjam resultados o mais rápido possível, mas devido ao processo de transformação ser a longo termo, o entusiasmo desvanece antes mesmo de se ver qualquer benefício.

São várias as tentativas de mudança que falham e geram ceticismo. Os colaboradores, já escaldados por várias mudanças malsucedidas, voltam aos velhos hábitos, com a ideia que uma nova transformação também não vai durar. E por mais que certas metodologias específicas pareçam oferecer um plano claro, muitas vezes falham em criar a mentalidade certa para o sucesso, tornando-se apenas em mais um processo que sufoca a verdadeira inovação.

Para agravar ainda mais  este cenário, o uso excessivo de palavras trending como “ágil” e “transformação” fez com que se tornassem autênticos clichês. Às tantas, já ninguém percebe muito bem o que significam. E se não investirmos na formação adequada dos colaboradores, ficamos com uma equipa que não tem as habilidades necessárias para liderar a transformação, o que resulta em alta rotatividade e custos elevados para substituir quem sai.

Reforço, é mesmo um problema complexo. Então, como podemos fazer com que a transformação funcione verdadeiramente?

Primeiro, comecemos por não sobrecarregar as equipas com processos e burocracia. Está na hora de simplificar e focar no que realmente importa, manter o trabalho centralizado e evitar as transferências intermináveis. É igualmente essencial adotar uma mentalidade de experimentação: testar, obter feedback e ajustar constantemente. E, por favor, foquemo-nos em entregar valor real em vez de nos perdermos entre relatórios: há que definir objetivos realistas e utilizar dados para tomar decisões assertivas.

Se os líderes não tiverem uma visão clara e não a souberem comunicar de forma eficaz, os colaboradores também não vão entender os benefícios dos planos de transformação da empresa. Comunicar é a chave. Repetir as mensagens simples até que todos estejam alinhados e celebrar as conquistas, grandes ou pequenas, para manter a moral e a motivação em alta.

A transformação não é apenas sobre processos e tecnologia: é sobre capacitar as pessoas. Uma equipa motivada e resiliente vai estar pronta para abraçar a mudança e alinhar-se com a visão de longo prazo da empresa. Para isso, os líderes precisam de dar às suas equipas a capacidade de criar soluções, integrando tanto aspetos humanos quanto tecnológicos. Equilibrar a integração de novas tecnologias com sistemas existentes é crucial. É importante criar um ambiente onde os colaboradores se sintam valorizados, apoiados e parte integrante da jornada de transformação.

Entender as raízes da fadiga e implementar estratégias direcionadas, permite aos líderes sustentar o progresso, desbloquear o potencial das equipas e criar uma organização que não está apenas em velocidade cruzeiro, mas que prospera. A transformação é uma jornada contínua e, com a abordagem certa, as empresas podem garantir que não se limitam a sobreviver, mas a destacar-se face às mudanças.

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