A evolução do mercado imobiliário em Portugal e o papel do consultor

Por Daniela Rebouta, Sales Director Engel & Völkers Lisboa & Oeiras

Nos últimos anos, o mercado imobiliário em Portugal tem passado por transformações significativas, moldadas por uma conjuntura de diversos fatores económicos, sociais e tecnológicos. Esta evolução não só redefiniu a maneira como se compram e vendem imóveis, mas também destacou a importância do consultor imobiliário como peça-chave nesse processo e a resiliência do mercado.

O mercado imobiliário em Portugal era caracterizado por uma abordagem mais tradicional, com transações realizadas predominantemente entre residentes locais e uma dependência substancial de métodos convencionais de publicidade e negociação. No entanto, a entrada do país na União Europeia, juntamente com uma série de ajustes económicos e políticos, criou um ambiente propício para o investimento estrangeiro. Este capital, especialmente proveniente de países como França, Reino Unido e Brasil, impulsionou a procura por propriedades e revitalizou áreas urbanas que antes eram subestimadas.

Também o “Visto Gold”, introduzido em 2012, foi um dos catalisadores mais significativos desta transformação. Este programa atraiu investidores de alto padrão, interessados não apenas na aquisição de propriedades, mas também nos benefícios associados, como o acesso ao espaço Schengen. Consequentemente, vimos um aumento exponencial no desenvolvimento de projetos imobiliários, desde renovação de edifícios históricos até à construção de empreendimentos modernos em zonas mais premium.

Com a pandemia de COVID-19, o mercado imobiliário teve uma grande necessidade de reajuste para enfrentar os novos desafios impostos pela pandemia, mas também dar resposta a oportunidades inerentes. O confinamento e as restrições de viagem resultaram numa temporária desaceleração das transações, mas também aceleraram a adoção de tecnologias digitais. As visitas virtuais, assinaturas digitais e plataformas online tornaram-se padrão, permitindo que os compradores e vendedores continuassem a realizar negócios de forma eficiente e segura. Além disso, a procura por espaços mais amplos e com acesso a áreas verdes, impulsionada pela necessidade do teletrabalho, alterou as preferências dos compradores, o que originou uma valorização das propriedades em áreas suburbanas e rurais.

Neste cenário em constante mudança, o papel do consultor imobiliário tornou-se ainda mais crucial. Já não se trata apenas de intermediar a compra e venda de imóveis, mas de oferecer uma consultoria completa que abrange desde a análise de mercado até à orientação jurídica e financeira. O consultor imobiliário moderno deve possuir um profundo conhecimento das tendências de mercado, habilidades de negociação apuradas e uma capacidade de adaptação às novas tecnologias. Além disso, deve ser capaz de construir uma relação de confiança com os clientes, compreendendo as suas necessidades e expectativas para proporcionar um serviço personalizado e eficaz.

O consultor imobiliário deve também ser um elo entre diferentes culturas e mercados. Com a internacionalização do mercado imobiliário português, é fundamental entender as nuances culturais dos investidores estrangeiros e adaptar a sua abordagem para atender às especificidades. O domínio dos vários idiomas, a sensibilidade cultural e uma rede de contatos global são alguns dos atributos que distinguem os consultores de sucesso.

Em suma, a evolução do mercado imobiliário em Portugal tem sido marcada por uma série de mudanças dinâmicas que apresentam tanto desafios quanto oportunidades. Neste contexto, o consultor imobiliário desempenha um papel essencial, não só na facilitação das transações, mas também na orientação estratégica e na construção de relações de confiança. À medida que avançamos, aqueles que conseguirem adaptar-se rapidamente às novas realidades e oferecer um serviço de consultoria abrangente estarão na vanguarda deste mercado em constante transformação.

 

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