Novas fotos de satélite mostram China a construir cidade do apocalipse perto de Pequim

Situada cerca de 32 quilómetros a sudoeste da capital chinesa, a estrutura é apelidada por analistas de “Cidade Militar de Pequim” e cobre uma área quase dez vezes superior à do Pentágono

Francisco Laranjeira
Novembro 11, 2025
12:33

Novas imagens de satélite de alta resolução revelam o rápido progresso de uma vasta construção nos arredores de Pequim, que os analistas acreditam tratar-se de um complexo militar fortificado destinado a garantir a sobrevivência e o comando da liderança chinesa num cenário de conflito nuclear, indicou esta terça-feira a revista ‘Newsweek’, com base em dados recolhidos por satélites da Agência Espacial Europeia.

Situada cerca de 32 quilómetros a sudoeste da capital chinesa, a estrutura é apelidada por analistas de “Cidade Militar de Pequim” e cobre uma área quase dez vezes superior à do Pentágono. O projeto surge no contexto da ordem do presidente Xi Jinping para transformar o Exército de Libertação Popular (ELP) numa força de “classe mundial” até meados do século — uma meta amplamente interpretada como o desejo de igualar ou superar as capacidades militares dos Estados Unidos.

O complexo poderá servir como centro de comando subterrâneo capaz de assegurar comunicações e operações militares mesmo após um ataque devastador. Especialistas consideram que o objetivo é reforçar a infraestrutura estratégica da China, complementando o rápido crescimento do seu arsenal nuclear e naval.

Divergências sobre o propósito do projeto

Nem todos os analistas acreditam que a construção tenha uma função apocalíptica. Hsu Yen-chi, investigador do Conselho de Estudos Estratégicos e de Simulação de Guerra em Taiwan, afirmou ao ‘Financial Times’ que “a área é demasiado grande para um campo de treino ou uma escola militar, podendo ser antes uma base administrativa de larga escala”.

Ainda assim, segundo a ‘Newsweek’, o progresso tem sido contínuo desde meados de 2024, com armazenamento em grande escala — algo que, segundo Lyle Morris, investigador do Asia Society Policy Institute, “sugere preparativos para um centro de comando nuclear C2”.

Xi Jinping reforça a doutrina de comando

A hierarquia militar chinesa continua fortemente centralizada no Partido Comunista, privilegiando lealdade política e controlo apertado. No entanto, um relatório recente da RAND Corporation indica que alguns académicos do ELP defendem a adoção de um modelo de comando por missão, semelhante ao americano, que daria maior autonomia a oficiais intermédios para acelerar respostas em situações de crise.

Os autores do relatório alertam que esta abordagem “pode aumentar o risco de erro e descoordenação”, mas também “enfraquecer estratégias tradicionais dos EUA, permitindo decisões mais rápidas do lado chinês”.

Risco crescente de conflito regional

O avanço do projeto coincide com tensões crescentes no Indo-Pacífico. Analistas apontam como cenários possíveis de confronto direto uma invasão chinesa de Taiwan ou um incidente militar no Mar da China Meridional, onde Pequim mantém disputas territoriais com as Filipinas, aliadas de Washington.

Com o reforço da sua infraestrutura militar e a expansão acelerada das capacidades estratégicas, a China prepara-se para assegurar a continuidade do comando em qualquer cenário — incluindo uma eventual guerra nuclear.

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