A proposta do Banco Central Europeu (BCE) para incluir a imagem de Marie Curie nas novas notas de 20 euros está a gerar um aceso debate entre França e Polónia. Em causa está a forma como o nome da cientista, vencedora de dois Prémios Nobel, será apresentado nas notas: “Marie Curie (nascida Skłodowska)”.
Nascida em Varsóvia em 1867, Maria Skłodowska-Curie foi a primeira mulher a receber um Prémio Nobel, em Física, em 1903, juntamente com o marido, Pierre Curie. Oito anos depois, voltou a ser distinguida, desta vez com o Nobel da Química, tornando-se a única pessoa a receber Nobel em duas áreas científicas distintas. Ao longo da vida, usou diferentes versões do seu nome, alternando entre Skłodowska-Curie e M. Curie.
Na Polónia, o anúncio da inclusão da cientista nas novas notas do euro foi recebido com desagrado, especialmente pela forma como o BCE optou por referir o seu nome de solteira, revela a ‘Euronews’. O uso do nome francês em destaque, relegando o apelido polaco para um parêntese, foi criticado por cidadãos e comentadores como um gesto simbólico de desvalorização da herança polaca da cientista.
A controvérsia assumiu contornos políticos, com vários meios de comunicação polacos a sublinharem que outras figuras históricas, como Cervantes ou Beethoven, mantêm os seus nomes originais nas diferentes versões linguísticas das notas e materiais promocionais.
Face às críticas, o BCE afirmou estar consciente da sensibilidade do tema e garantiu que está a consultar fontes históricas e linguísticas para encontrar a forma mais apropriada de representar a identidade da cientista.
A imagem de Curie é familiar para os polacos, já que figurou durante anos na nota de 20.000 zlotys. No entanto, a sua eventual presença no euro depende ainda da escolha final do tema da nova série de notas, prevista para 2026.
Mesmo que venha a ser escolhida, a nova série de notas só deverá entrar em circulação vários anos depois, mantendo-se as atuais válidas por um período prolongado.













