Zelensky aponta mínimo de 200 mil soldados europeus para garantir trégua

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, indicou um mínimo de 200 mil soldados europeus para garantir a segurança do seu país numa trégua com a Rússia e para evitar uma nova invasão, segundo um vídeo divulgado hoje por Kyiv.

“Duzentos mil é um mínimo. É um mínimo. Caso contrário, não é nada”, disse Zelensky na terça-feira durante a reunião anual do Fórum Económico Mundial em Davos, na Suíça, numa declaração hoje revelada no ‘site’ presidencial ucraniano.

Esta é a primeira vez que um responsável ucraniano aponta publicamente um número para um contingente estrangeiro, enquanto esta ideia tem sido discutida nos bastidores há vários meses entre Kyiv e os seus aliados ocidentais.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, lançou a ideia de estacionar tropas ocidentais na Ucrânia para supervisionar um possível acordo de cessar-fogo com a Rússia, que invadiu o seu vizinho ucraniano há quase três anos e ocupa hoje cerca de 20% dos territórios no leste e no sul do país.

Há semanas que crescem as especulações sobre possíveis negociações para pôr fim ao conflito, entre a incógnita sobre a posição que o novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, irá adotar, uma vez que Washington é o principal fornecedor de ajuda militar e financeira a Kyiv.

Trump disse na terça-feira que novas sanções contra a Rússia seriam prováveis se Moscovo não negociasse o fim da guerra contra a Ucrânia, ao mesmo tempo que indicou que os Estados Unidos vão analisar a continuação da ajuda militar a Kyiv.

Por seu lado, a partir de Davos, Zelensky sustentou que o Presidente americano poderia aplicar “sanções totais” contra a Rússia, em particular o seu setor energético, e “dar à Ucrânia todas as armas que pedir” para ameaçar o líder do Kremlin, Vladimir Putin.

“Exceto, claro, as armas nucleares, somos pessoas sensatas”, acrescentou o Presidente ucraniano.

Antes da sua tomada de posse, na segunda-feira, Donald Trump disse estar a preparar uma reunião com o homólogo russo para encerrar o conflito.

“Não me surpreende que os Estados Unidos tenham contactos com Putin”, comentou Zelensky, mas a Ucrânia deve ser “uma prioridade” para o Presidente norte-americano, justificando que Kyiv é um aliado de Washington e que o seu país é a vítima e Putin o ocupante e o iniciador do conflito.

Acabar com a guerra que fez dezenas de milhares de mortos de ambos os lados e devastou a Ucrânia “será muito difícil para o Presidente Trump”, alertou Volodymyr Zelensky.

“Todos devemos compreender que Putin não quer acabar com a guerra”, prosseguiu, porque não atingiu “o seu objetivo essencial, a independência da Ucrânia”, e “destruí-la é o sonho dele”.

A Ucrânia, advertiu também o líder ucraniano, “não reconhecerá” os territórios ocupados como russos, “mesmo que todos os aliados se unam” para o exigir, ao mesmo tempo que sugeriu que poderia concedê-los por um prazo e apenas para interromper as hostilidades.

“Não haverá perdão, nem reconhecimento legal, mas devemos fazer tudo para pôr fim à fase quente da guerra”, disse ainda Zelensky.