YouTube promove desinformação sobre alterações climáticas, acusa ONG

A plataforma de campanhas Avaaz realizou um estudo, em seis países, onde verificou que o YouTube está a impulsionar conteúdos não informativos acerca das alterações climáticas, com o financiamento de marcas conhecidas.

O relatório analisou vídeos recomendados pelos utilizadores que procuraram termos como «aquecimento global», «alterações climáticas» e «manipulação climática», entre os meses de Agosto e Dezembro de 2019.

Entre os cem vídeos mais sugeridos pelo YouTube (incluindo a barra de recomendações no lado direito do ecrã do computador, bem como os conteúdos exibidos automaticamente após outros vídeos), 16% da procura por «aquecimento global» continha informações que, posteriormente verificadas pela equipa da Avaaz, foram consideradas falsas ou enganadoras.

A percentagem desce para 8% quando são considerados os vídeos mais recomendados na procura por «alterações climáticas» e cresce para 21% quando falamos de «manipulação climática».

Para analisar o conteúdo dos vídeos a Avaaz contrapôs dados apresentados àqueles já divulgados por organizações como por exemplo a Agência Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (Noaa).

O conteúdo encontrado inclui afirmações de que não existe ocorrência de alterações climáticas significativas, de que a acção humana não é legalmente responsável pelas mesmas e até de que não há muito que possa ser feito para reduzir os seus impactos. Estes vídeos somavam já 21 milhões de visualizações.

Para além do YouTube promover esses conteúdos é também beneficiado financeiramente, uma vez que cerca de 108 empresas, incluindo grandes marcas globais, têm os seus anúncios publicitários a acompanhar os vídeos. O mais surpreendente é que um em cada cinco anúncios pertence a ONG’s ambientais como a Greenpreace.

De acordo com a BBC, a organização ambiental, contudo, quer manter-se afastada da polémica do YouTube, pedindo que o mesmo remova todos os vídeos com informações falsas sobre o clima dos seus algoritmos de recomendação, eliminando qualquer possibilidade desses conteúdos serem monitorizados.

Perante o cenário actual, a Avaaz sugere três medidas que devem ser tomadas pelo YouTube: fazer uma limpeza ao seu algoritmo para que deixe de promover vídeos que contenham informações falsas; deixar de incluir os conteúdos nos anúncios de organizações e corrigir os erros, trabalhando com empresas de verificação de dados independentes, para informar os utilizadores de que eles tiveram acesso a informações falsas ou enganadoras.