
Wuhan tinha 30 vezes mais pessoas infectadas com covid-19 do que as registadas oficialmente, aponta estudo
Um grupo de investigadores epidemiológicos da Universidade do Texas em Austin, nos Estados Unidos, pensam que a covid-19 estava muito mais alastrada em Wuhan (China) semanas antes das medidas de contenção terem sido implementadas na cidade.
Quando o governo chinês “fechou” Wuhan, a 22 de Janeiro, havia 422 casos conhecidos. Mas ao extrapolar dados de testes retrospectivos a partir de amostras, utilizando um novo modelo epidemiológico, os investigadores descobriram que pode ter havido mais de 12.000 casos sintomáticos não detectados de covid-19, indica um novo artigo da revista EClinicalMedicine, publicado pelo The Lancet.
A equipa de investigação trabalhou com base em estudos recentes na área metropolitana de Wuhan, tendo testado retrospectivamente amostras retiradas de pacientes com sintomas semelhantes aos da covid, durante Janeiro, na cidade chinesa.
Quando as amostras foram testadas, mais tarde, a maioria acabou por ser gripe, mas algumas deram positivo para SARS-CoV-2.
“Mesmo antes de percebermos que a covid-19 se estava a espalhar, os dados implicavam que havia pelo menos um caso de covid-19 para cada dois casos de gripe. Uma vez que sabíamos como a gripe estava generalizada na altura, podíamos determinar razoavelmente a prevalência da covid-19”, explica a líder da investigação, Lauren Ancel Meyers.
Os dados não implicam que as autoridades de saúde estivessem conscientes destas infecções, mas podem ter passado despercebidos durante a fase inicial e incerta da pandemia.
De acordo com outros estudos, cerca de metade dos casos covid-19 são assintomáticos, levando os investigadores a acreditar que pode ter havido mais milhares de pessoas infectadas em Wuhan, antes do encerramento da cidade.
“Podemos voltar atrás e reconstruir a história desta pandemia usando uma combinação de investigação e técnicas de modelização. Isto ajuda-nos a compreender como a pandemia se espalhou tão rapidamente pelo mundo e dá-nos uma imagem do que podemos ver nas próximas semanas e meses”, reflecte Meyers.