‘Voz da Europa’: site noticioso checo é fechado após acusações de que terá sido usado pela Rússia para comprar políticos europeus
Oficialmente chamava-se ‘Voz da Europa’ mas na realidade era conhecida como a ‘voz da Rússia’. a plataforma de notícias online em inglês, com um logótipo com as estrelas da bandeira da União Europeia, definiu-se como “uma rede de notícias sem censura da Europa e no mundo”: de acordo com o jornal ‘El Español’, acumulou milhares de seguidores em redes sociais como o ‘X’, com pouco mais de 180.500 seguidores.
No entanto, os respetivos leitores estavam a ser vítimas da guerra híbrida lançada por Moscovo contra o Ocidente, segundo indicaram as autoridades da República Checa, que identificaram o site como uma plataforma de propaganda russa.
De acordo com primeiro-ministro checo, Petr Fiala, o ‘Voz da Europa’ estava a realizar atividades com “grave impacto na segurança da República Checa e da UE”, acusando ainda a plataforma de planear uma série de “operações e atividades em território da UE dirigidas contra a integridade territorial, a soberania e a independência da Ucrânia”.
Praga acusou a plataforma noticiosa de ter dado um tratamento mais do que favorável a figuras políticas da Alemanha, França, Polónia, Bélgica, Países Baixos e Hungria, com as autoridades checas a referir pagamentos em dinheiro a estes políticos, a quem tentariam influenciar face à próximas eleições europeias, marcadas para junho, indicaram os britânicos da ‘BBC’.
A presença do ‘Voz da Europa’ chegou aos corredores de Bruxelas, com a vice-presidente da Comissão Europeia, a também checa Vera Jourova, a explicar ao jornal ‘POLITICO’ que o caso desta plataforma é mais uma prova “de que o Kremlin está a utilizar meios de comunicação duvidosos, plataformas que se fazem passar por meios de comunicação e usam dinheiro para comprar influência”.
De acordo com o semanário alemão ‘Der Spiegel’, por trás do ‘Voz da Europa’ estão dois conhecidos pró-Rússia: o oligarca ucraniano Victor Medvedchuk e o seu parceiro Artem Marchevsky. Através das suas redes, a plataforma de notícias com sede em Praga defendeu que é injustamente considerada “Putinista” por algumas “elites globalistas recentemente impopulares”, pela “grande imprensa” que acusa de ser “lacaios” do poder” e, finalmente, pela “organizações não governamentais financiadas pela Fundação Soros”. “Estão em curso processos judiciais contra o Governo checo”, garantiu a ‘Voz da Europa’.
Segundo denunciou a publicação alemã, os políticos que foram vistos nas páginas do ‘Voz da Europa’ estão, entre outros, o líder do partido de extrema-direita ‘Alternativa para a Alemanha’ (AfD) para as próximas eleições europeias, Maximilian Krah, que negou ter recebido dinheiro ou qualquer outro tipo de remuneração dos meios de comunicação pró-russos sediados em Praga.
Outro político da AfD é Petr Bystron, porta-voz de política externa, que denunciou como “manobras de campanha eleitoral” as revelações sobre a influência do ‘Voz da Europa’. A AfD destaca-se na Alemanha por ser uma das mais críticas à política de Scholz de apoio à Ucrânia contra a invasão russa.