Von der Leyen adverte que “não interessa a ninguém” perturbar economia global

A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, advertiu hoje que “não é do interesse de ninguém quebrar os laços da economia global” e defendeu um reforço da cooperação, incluindo com os Estados Unidos.

Na sua intervenção no Fórum Económico Mundial de Davos, que junta as elites política e mundial nesta localidade suíça, a presidente do executivo comunitário apontou que a “ordem mundial cooperativa” que se imaginava há 25 anos “não se transformou em realidade”, assistindo-se antes a “uma nova era de dura competição geoestratégica”, e defendeu que é necessário “trabalhar em conjunto para evitar uma corrida global para o abismo”.

Discursando um dia depois da tomada de posse de Donald Trump como Presidente dos Estados Unidos, Von der Leyen defendeu que, num contexto em que “as principais economias do mundo estão a disputar o acesso às matérias-primas, às novas tecnologias e às rotas comerciais globais” e a “concorrência se intensifica, é provável que se continue a assistir à utilização frequente de instrumentos económicos, como sanções, controlos das exportações e tarifas, destinados a salvaguardar a segurança económica e nacional”.

Garantido que, pela sua parte, a União Europeia está pronta a cooperar com todos os atores, a dirigente alemã observou que “este novo compromisso com países de todo o mundo não é apenas uma necessidade económica, mas também uma mensagem para o mundo”.

“É a resposta da Europa à crescente concorrência mundial. Queremos uma maior cooperação com todos os que estão abertos a ela. E isto inclui, naturalmente, os nossos parceiros mais próximos. Estou a pensar, evidentemente, nos Estados Unidos da América”, disse, sublinhando que nenhumas outras economias estão tão integradas como as europeia e norte-americana.

“Há muita coisa em jogo para ambas as partes. Por isso, a nossa primeira prioridade será empenharmo-nos cedo, discutir interesses comuns e estar prontos para negociar. Seremos pragmáticos, mas manter-nos-emos sempre fiéis aos nossos princípios. Proteger os nossos interesses e defender os nossos valores é a via europeia”, declarou.

Também nesse sentido, Von der Leyen afirmou-se convicta de que a Europa necessita de se “envolver de forma construtiva com a China, para encontrar soluções no interesse mútuo”.

“O ano de 2025 marca os 50 anos das relações diplomáticas da nossa União com a China. Vejo-o como uma oportunidade para nos empenharmos e aprofundarmos as nossas relações com a China e, sempre que possível, até para expandirmos os nossos laços comerciais e de investimento. Chegou o momento de estabelecer uma relação mais equilibrada com a China, num espírito de equidade e reciprocidade”, defendeu.

Abordando ainda o desejado reforço da cooperação da Europa com o resto do mundo, Ursula Von der Leyen destacou também a importância da região da Ásia-Pacífico e aproveitou a oportunidade para anunciar que a primeira viagem do seu novo mandato à frente da Comissão Europeia será à Índia.

“A primeira viagem da minha nova Comissão será à Índia. Juntamente com o primeiro-ministro [Narendra] Modi, queremos reforçar a parceria estratégica com o maior país e a maior democracia do mundo”, revelou.