Venezuela: Supremo convoca Nicolás Maduro para “certificação” do resultado das presidenciais. Opositores falham evento por temerem pela vida

Hoje o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) da Venezuela convocou Nicolás Maduro e os demais candidatos das eleições presidenciais de 28 de julho para a certificação dos resultados do pleito. A decisão marca um momento crítico no processo eleitoral do país, que tem sido amplamente contestado tanto no âmbito nacional quanto internacional.

De acordo com o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, Nicolás Maduro foi reeleito com 6.408.844 votos, o que representa 51,95% do total. O principal candidato opositor, Edmundo González Urrutia, obteve 5.326.104 votos, ou 43,18% dos votos válidos. A oposição, no entanto, rejeitou os resultados oficiais, alegando que González Urrutia foi o verdadeiro vencedor, com 70% dos votos, conforme afirmado por líderes opositores como María Corina Machado.

Machado, uma das principais vozes da oposição, afirmou categoricamente que não reconhecerá os resultados oficiais, baseando-se em documentos obtidos pela coligação opositora. A sua posição reflete uma profunda crise de legitimidade que afeta o processo eleitoral venezuelano.

Na semana passada, o Supremo Tribunal de Justiça aceitou o pedido de Nicolás Maduro para certificar os resultados das eleições presidenciais. De acordo com a responsável judicial, todos os dez candidatos eleitorais, incluindo Maduro, Edmundo González Urrutia, Luis Martínez, Daniel Ceballos, Antonio Ecarry, Benjamín Raússeo, Enrique Marques, José Brito, Javier Bertucci e Claudio Fermín, devem comparecer perante o STJ durante a tarde de hoje (hora local).

Falta de Comparecimento dos Candidatos Opositores
O candidato opositor Edmundo González Urrutia não atendeu à intimação do Supremo Tribunal, que havia sido emitida na quarta-feira para uma auditoria da votação, pelo que hoje não vai estar presente – e não é caso único. González, que insiste ser o verdadeiro vencedor da eleição, declarou que comparecer ao tribunal em tais condições o colocaria em uma posição vulnerável e comprometeria a integridade do processo eleitoral. Numa publicação no X (anteriormente conhecido como Twitter), afirmou que a sua presença poderia resultar em consequências legais e criminais, de acordo com ameaças feitas publicamente por Nicolás Maduro.

“Se eu for à câmara eleitoral [do Supremo Tribunal] nestas condições, estarei totalmente vulnerável devido à impotência e à violação do devido processo legal e colocarei em risco não apenas minha liberdade, mas, mais importante, a vontade do povo venezuelano expressa em 28 de julho”, escreveu González.

Além de González, María Corina Machado também não comparecerá. A líder opositora permanece em local desconhecido, temendo pela sua segurança.

A falta de aceitação dos resultados pela oposição e a recusa em comparecer ao tribunal indicam uma crise política persistente. Vários países, incluindo os Estados Unidos e nações latino-americanas, reconheceram González como o vencedor e solicitaram a divulgação completa dos dados eleitorais. No entanto, o CNE, alinhado ao governo, certificou a vitória de Maduro, garantindo-lhe um terceiro mandato de seis anos.

A oposição acusa o Supremo Tribunal de estar alinhado com o governo de Maduro, prejudicando a imparcialidade do processo judicial. A situação continua a gerar tensão tanto no país quanto no cenário internacional, refletindo a profunda polarização política da Venezuela.