Venezuela: Portugal e Espanha no PPE nomeiam líderes da oposição para Prémio Sakharov

Os partidos PSD, CDS-PP e o espanhol PP, que pertencem ao Partido Popular Europeu (PPE), avançaram hoje com a candidatura ao Prémio Sakharov 2024 dos líderes da oposição na Venezuela.

Em comunicado, o PSD anunciou que, em conjunto com a delegação espanhola do PPE, que apenas tem o Partido Popular, avançaram com uma candidatura conjunta para o Prémio Sakharov deste ano de Edmundo González Urrutia e María Corina Machado, os principais opositores políticos ao regime de Nicolás Maduro.

O CDS-PP, representado no Parlamento Europeu por Ana Pedro, associou-se à iniciativa.

O Prémio Sakharov é atribuído anualmente pelo Parlamento Europeu a cidadãos que “dedicaram a sua vida à luta pacífica pelos direitos humanos”. Leva o nome de Andrei Sakharov, um cientista e dissidente da União Soviética, que venceu o Prémio Nobel da Paz em 1975.

O prazo para apresentação de candidaturas termina no dia 19 de setembro e depois a atribuição vai ser decidida pela Conferência de Presidentes do Parlamento Europeu.

A cerimónia de entrega do prémio está prevista para 18 de dezembro, durante a sessão plenária de Estrasburgo.

Citado no comunicado, o eurodeputado Sebastião Bugalho, eleito nas listas do PSD, disse que a atribuição do prémio a Edmundo González e María Corina é uma oportunidade de o Parlamento Europeu “demonstrar o seu compromisso e solidariedade para com os venezuelanos”.

Um tribunal venezuelano especializado em crimes relacionados com terrorismo emitiu, em 03 de setembro, um mandado de prisão para Urrutia, candidato presidencial nas eleições de 28 de julho do maior bloco contra o regime.

O ex-candidato é acusado pelo Estado de ter alegadamente cometido os crimes de “usurpação de funções”, “falsificação de documentos públicos”, “instigação à desobediência das leis”, “conspiração”, “sabotagem de danos no sistema e associação [para cometer crimes]”.

O Ministério Público pediu à justiça que emitisse um mandado de prisão para Urrutia depois de este não ter comparecido a três convocatórias, nas quais devia prestar declarações no âmbito da investigação.

A investigação está relacionada com a publicação de uma página na Internet em que a principal coligação da oposição – Plataforma Unitária Democrática (PUD) – afirma ter carregado “83,5% das atas eleitorais” recolhidas por testemunhas e membros das mesas de voto para reforçar a afirmação de que González Urrutia ganhou as eleições por uma ampla margem.

A PUD divulgou as atas, que o executivo, por sua vez, qualificou de falsas, depois de o Conselho Nacional Eleitoral ter proclamado Maduro como vencedor das eleições.

A vitória do atual Presidente foi questionada por vários países, alguns dos quais apoiam a afirmação de que González Urrutia ganhou a liderança do país.

A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes, realizou eleições presidenciais no passado dia 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória a Maduro com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia obteve quase 70% dos votos.

A oposição venezuelana e diversos países da comunidade internacional denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente, o que o CNE diz ser inviável devido a um “ciberataque” de que alegadamente foi alvo.

Os resultados eleitorais têm sido contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo de cerca de duas mil detenções e de mais de duas dezenas de vítimas mortais.

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