Venezuela: Parlamento propõe ao Governo romper relações diplomáticas com Espanha

O parlamento da Venezuela aprovou um acordo no qual propõe ao Governo avaliar uma rutura das relações diplomáticas, consulares e comerciais entre a Venezuela e a Espanha.

O acordo foi aprovado durante uma sessão extraordinária da Assembleia Nacional, na terça-feira, a propósito da recente decisão do parlamento de Espanha de reconhecer o opositor Edmundo González Urrutia como Presidente eleito da Venezuela no escrutínio de 28 de julho, apesar das autoridades eleitorais terem proclamado Nicolás Maduro como vencedor.

“Fica aprovado o acordo em repúdio à decisão grosseira e de ingerência adotada pelo Congresso espanhol, ignorando a vitória popular de Nicolás Maduro como Presidente da República Bolivariana da Venezuela”, anunciou o presidente do parlamento venezuelano.

Ao pedir a aprovação do acordo, Jorge Rodríguez acusou a Espanha de ter retirado a medalha de ouro a Miami (EUA) no refúgio “a criminosos, golpistas, racistas, fascistas e assassinos”, e citou o nome de alguns opositores exilados em Espanha.

“Temos tido paciência, mas a paciência esgota-se. Não é um recurso natural renovável. (…) assim como temos um marcador genético de respeito, de decência, de dignidade, de parcimónia, temos também um marcador genético de respeito pela nossa soberania e independência”, disse.

Por outro lado, criticou a posição do Congresso espanhol ao atribuir-se “um estatuto extraterritorial” e decidir “substituir o poder eleitoral da Venezuela”, reconhecendo “um senhor [Edmundo González Urrutia] trémulo e covarde que parece que tem recuperado o equilíbrio a comer presunto nas ruas de Madrid”.

Jorge Rodríguez propôs um acordo político, aprovado pelos presentes, para pedir ao Governo espanhol para abolir a monarquia, e também a votação de acordos pela independência da Catalunha e do País Basco.

Em 12 de setembro, Jorge Rodríguez pediu uma reunião à Comissão de Política Exterior do parlamento venezuelano para elaborar uma resolução a solicitar ao Governo do Presidente Nicolás Maduro para “romper de imediato todas as relações” com Espanha.

“Que saiam daqui todos os representantes (…) de Espanha e (…) nós traremos os nossos de lá. Que fiquem com os seus assassinos, com os seus golpistas, com os seus fascistas, com os seus violentos”, disse, ao fazer o pedido de reunião.

Nas presidenciais de 28 de julho, o Conselho Nacional Eleitoral venezuelano declarou a vitória de Maduro, com pouco mais de 51% dos votos, sem nunca ter divulgado as atas da votação, o que levou grande parte da comunidade internacional a não reconhecer o resultado.

A oposição venezuelana contesta os dados oficiais e alega que o antigo diplomata Edmundo González Urrutia, atualmente exilado em Espanha, obteve quase 70% dos votos.