Vacinar as crianças pode ser a ‘chave’ para travar a pandemia, afirmam peritos

A vacinação contra a covid-19 de crianças e de adolescentes pode ser a ‘chave’ para travar a pandemia, de acordo com peritos, à medida que alguns ensaios clínicos começam a testar as vacinas em jovens.

Embora a covid-19 afete menos os jovens e haja provas de que as crianças podem ter menos probabilidades de ser infetadas, o papel das crianças na transmissão ainda não é claro, segundo o Royal College of Paediatrics and Child Health.

Até que todos – incluindo crianças – sejam vacinados continua a existir um “risco significativo de ressurgimento” do vírus, de acordo com o membro do Grupo Consultivo Científico para Emergências do governo britânico, John Edmunds, citado pelo The Guardian.

O vírus também pode causar infeções assintomáticas em todos os grupos etários, pelo que, de certa forma, a imunização das crianças protegerá os idosos, acrescentou Stanley Plotkin, que inventou a vacina da rubéola, co-inventou a vacina do rotavírus e ajudou a desenvolver outras vacinas, incluindo as do carbúnculo bacteriano, da poliomielite e da raiva.

“Não consigo imaginar como poderíamos sequer esperar erradicar o vírus a menos que estejamos dispostos a imunizar a maioria da população”, acrescentou.

Outro motivo para vacinar as crianças pode ser a garantia dada aos ambientes educativos, acrescentou um professor de pediatria no Centro de Vacinas Infantis de Bristol, Adam Finn, que faz parte de uma equipa que realiza estudos de vacinas pediátricas contra a covid-19 na Universidade de Bristol.

“Se conseguirmos mostrar que, ao imunizar as crianças, podemos garantir a educação e eliminar o risco de esta ser perturbada, então isso é um benefício direto para elas”, acrescentou, citado pelo The Guardian.

Os investigadores por trás da vacina da Oxford/AstraZeneca lançaram recentemente um estudo em fase intermédia para testar a sua vacina contra a covid-19 em crianças com idades compreendidas entre os 6 e os 17 anos.

Outras farmacêuticas também começaram, ou vão começar em breve, os próprios estudos em adolescentes e crianças pequenas. A Pfizer/BioNTech espera partilhar dados do seu estudo em crianças dos 12 aos 15 anos nos próximos meses, e iniciar oportunamente um estudo em crianças dos 5 aos 11 anos.

Os cientistas esperam que, ao contrário dos adolescentes que têm respostas imunitárias semelhantes às dos adultos, os que têm menos de 12 anos vão precisar de uma formulação potencialmente modificada ou de um calendário de dosagem.