Vacina contra o cancro pode salvar 62 milhões de pessoas nos próximos 100 anos
Mais de 74 milhões de casos de cancro do colo do útero e cerca de 62 milhões de mortes podem ser evitados nos próximos 100 anos, caso 78 dos países mais pobres do mundo, apliquem rápida e massivamente a vacina contra a doença, de acordo com estudos avançados pelo ‘The Guardian’.
Os modelos de vacina publicados nesta sexta-feira, foram desenvolvidos pela ‘Université Laval’, pela Universidade de Harvard e ‘Cancer Council New South Wales’, em conjunto com a Organização Mundial de Saúde, de forma totalmente independente, com base no entendimento biológico do cancro do cólo do útero, bem como em fontes de dados de vários países de todos os continentes.
«Uma das coisas interessantes sobre os novos estudos é que todas as equipas fizeram um trabalho independente, mas obtiveram resultados muito semelhantes», referiu a directora de pesquisa do ‘Cancer Council NSW’ e professora adjunta Karen Canfell, citada pelo ‘The Guardian’.
Embora a taxa de sucesso da doença seja considerável em países economicamente mais favorecidos, como a Austrália, o cancro de colo do útero ainda é o quarto mais comum em mulheres de todo o mundo, sendo mesmo a principal causa de morte por cancro em alguns países com menos condições económicas.
A grande maioria dos 570 mil novos casos de cancro do colo do útero do mundo, em 2018, ocorreu em mulheres residentes em países com um nível económico médio-baixo.
Prevê-se que a combinação de vacinação em raparigas, em conjunto com a triagem do cancro do colo do útero, bem como o acesso ao tratamento invasivo da doença, reduzam a sua incidência em 97% e a mortalidade em quase 99%, evitando mais de 74 milhões de novos casos e mais de 62 milhões de mortes nos próximos 100 anos.
Para atingir esse objectivo, os 78 países economicamente menos favorecidos, devem garantir que: 90% das raparigas são vacinadas contra o papilomavírus humano (HPV); 70% de exames cervicais são realizados duas vezes na vida, com testes de HPV; é assegurada uma cobertura de 90% para o tratamento de lesões pré-invasivas e cancro invasivo até 2030.
«A ideia é que os países entendam o impacto das decisões tomadas hoje, para que se invista na saúde», disse Canfell.