“Um dos piores invernos das últimas décadas”: Médicos alertam que ‘campeonato’ da gripe só agora começa
Depois de um outono com grande procura e aumento da pressão sobre os serviços de saúde, devidas às infeções respiratórias típicas do período, acima de tudo nas urgências, médicos e especialistas alertam que o pior da gripe sazonal ainda está para vir, isto porque, com a ‘queda’ da máscara de proteção contra a Covid-19, usada nos últimos dois anos, estamos mais vulneráveis.
Salvato Feijó, diretor clínico do Centro Hospitalar de Leiria, diz ao DN que “este será um dos piores invernos por que passamos nas últimas décadas”, e exemplifica com a enorme pressão nos serviços de saúde ingleses, onde foi criado um gabinete específico para controlar os internamentos hospitalares, e dizendo que, em Portugal, o aumento de casos de infeções respiratórias, que tem ocorrido e continuará a ocorrer este inverno, está também relacionado com o clima, a humidade e a má climatização das casas.
“Ora, todos estes fatores, aliados a dois anos com uso intensivo de máscara, farão com que por fatores externos e internos ligados à imunidade nós estejamos menos protegidos, muito mais vulneráveis”, defende Salvato Feijó.
A preocupação com a Covid-19 é já menor, com a proteção cotra a doença grave conferida pela vacinação e os casos de internamento controlados, os especialistas acreditam que a pandemia tem fim no horizonte e que a doença se tornará como as outras infeções respiratórias de inverno.
“Vamos continuar a ter Covid nos próximos anos – como temos os outros vírus respiratórios -, mas a pandemia irá inevitavelmente acabar. Nessa altura vamos passar a uma situação de sazonalidade”, garante o pneumologista Filipe Froes, que saliente a importância de, no entanto, “montar uma estrutura de vigilância da Covid”, à semelhança da criada para a gripe, que tem de ser atualizada porque “tem mais de 40 anos”.
O clínico alerta ainda para a possibilidade de mutações no vírus o poder tornar mais prevalente entre grupos etários mais baixos, como as crianças: “Pode evoluir nessa direção”.
Filipe Froes recusa que seja a proteção da máscara que causou a ‘vulnerabilidade’ a outros vírus respiratórios este ano e defende que o facto de “não termos tido gripe nos dois últimos anos fez com que os sistemas de vigilância tenham tido muito menos amostras para monitorizar a doença” e que a redução da circulação de vírus respiratórios nos últimos dois anos, “diminuiu a carga da doença durante esse período e as pessoas deixaram de ter essa estimulação antigénica”.
Com um aumento de casos de infeções respiratórias, e também de Covid-19, previsível para as próximas semanas, após as festividades de Natal e Ano Novo, os médicos alertam também para um sentimento de “fadiga pandémica” nos hospitais.