Um caso a cada três dias: Portugal é o país da Europa ocidental com mais mortes por atropelamento
Portugal é o país da Europa ocidental com mais mortes por atropelamento por cada milhão de especialistas. Nos últimos cinco anos, entre 2018 e 2022, registaram-se 25 mil casos de peões colhidos por veículos, com 527 mortes.
Isto significa que, segundo os dados Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), cedidos ao Expresso, a cada três dias regista-se uma morte por atropelamento em Portugal.
Do total de atropelamentos registados nos cinco anos em análise, em dois mil casos as vítimas sofreram ferimentos graves e até lesões permanentes.
Os números revelam que, durante a pandemia, reduziu-se o número de atropelamentos mas, em 2022, já há sinais de aumento.
Especialistas ouvidos pelo jornal sublinham que as mortes por atropelamento podem ser evitadas e pedem medidas do Governo e autarquias para resolver o problema.
“Se olhássemos para as mortes por atropelamento como resultado de um vírus, depressa percebíamos que a vacina já foi inventada. Reduzir a velocidade do tráfego motorizado é a forma mais rápida e eficaz de reduzir o número e a gravidade dos sinistros”, indica Pedro Homem de Gouveia, responsável pela área de segurança rodoviária da POLIS.
De acordo com a ANSR, a esmagadora maioria dos atropelamentos ocorreu dentro das cidades (89%). É também provável que, caso seja atropelado, isso aconteça quando está a atravessar a passadeira: foi o que foi registado em 43% dos casos.
No período em análise contaram.se 317 casos de atropelamento e fuga do condutor, nos quais não houve indemnização ou peão ou famílias.
Sobre os dados de 2023, nos primeiros 3 meses deste ano conta-se um aumento de 17% no número de peões, quando comparado com o mesmo período do ano anterior, mas registaram-se 22 mortes, o dobro do período homólogo de 2022.
Os casos de atropelamento registam-se com maior prevalência nas faixas etárias dos 40-59 anos (25%) e dos 60-79 anos (29%). As vítimas com menos de 20 anos representam 18% do total de atropelamentos verificados entre 2018 e 2022.
As cidades com os piores números, com maior taxa de atropelamento por 100 mil habitantes, são Porto, Lisboa e São João da Madeira, que apresentam quase o dobro da média nacional.
A ANSR quer que se criem zonas de máximo de 30 km/h de circulação, tendo até feito a recomendação em manuais de instruções, mas o Governo atira responsabilidades para as autarquias. “As câmaras municipais, como entidades gestoras de vias, têm competência para implementar zonas de circulação de baixa velocidade, como já sucedeu em alguns municípios”, sustenta o Ministério da Administração Interna.