Último adeus a Jimmy Carter hoje em Washington reúne líderes mundiais (incluindo Marcelo). É feriado nacional nos EUA

O funeral de Estado de Jimmy Carter, o 39.º Presidente dos Estados Unidos, realiza-se hoje, 9 de janeiro, na Catedral Nacional de Washington, marcando um momento solene de homenagem a uma figura histórica que deixou um legado duradouro na política norte-americana e internacional. Carter morreu no passado dia 29 de dezembro, aos 100 anos, após uma vida marcada pelo serviço público, pela defesa dos direitos humanos e pelo seu trabalho humanitário.

O Presidente cessante dos Estados Unidos, Joe Biden, declarou 9 de janeiro como um dia de luto nacional em memória de Jimmy Carter. Durante as cerimónias, Biden fará uma intervenção para recordar o papel de Carter na promoção da paz e da justiça global. Em reconhecimento à sua contribuição, todas as bandeiras norte-americanas em edifícios públicos, bases militares e embaixadas ao redor do mundo estão a ser hasteadas a meia-haste por 30 dias.

O caixão de Carter, que esteve em câmara ardente no Capitólio desde o dia 6 de janeiro, regressará à Geórgia, onde será sepultado em Plains, sua terra natal.

Entre os presentes no funeral estão o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, cuja deslocação foi autorizada pelo Parlamento português. Marcelo destacou o “apoio simbólico” de Carter à consolidação democrática em Portugal após o 25 de Abril, referindo ainda os esforços incansáveis do ex-Presidente na promoção da paz e dos direitos humanos.

Donald Trump, Presidente eleito dos Estados Unidos, também estará presente, marcando uma rara reunião de líderes políticos num momento de união nacional.

O dia de luto nacional levou ao encerramento de agências federais, incluindo os correios e o mercado de ações. A Bolsa de Nova Iorque suspendeu operações como forma de respeito, com Lynn Martin, presidente do NYSE Group, a afirmar que Carter deixou “um legado duradouro de humanitarismo”. Escolas públicas permanecem abertas, mas instituições ligadas ao Departamento de Defesa, incluindo escolas militares, também estão encerradas.

Jimmy Carter foi eleito em 1976, derrotando Gerald Ford num momento em que os Estados Unidos ainda lidavam com as repercussões do escândalo “Watergate”. Durante o seu mandato, destacou-se pela assinatura dos Acordos de Camp David, que promoveram a paz entre Israel e o Egito, e pela criação de políticas de direitos humanos que moldaram a diplomacia norte-americana.

Após a sua presidência, Carter dedicou-se a causas humanitárias através do Centro Carter, que fundou com a sua mulher, Rosalynn. O seu trabalho na luta contra doenças tropicais negligenciadas e na promoção da democracia foi reconhecido com o Prémio Nobel da Paz em 2002.

Nos últimos anos, Carter enfrentou problemas de saúde, incluindo um melanoma agressivo. Desde fevereiro de 2023, recebia cuidados paliativos em casa. A sua última aparição pública foi em novembro de 2023, no funeral de Rosalynn Carter, com quem partilhou mais de sete décadas de vida.

A cerimónia de hoje não é apenas um momento de despedida, mas também de celebração de uma vida dedicada ao serviço público e aos valores cristãos, frequentemente invocados por Carter. O antigo Presidente deixa uma marca indelével na história americana e mundial, como um líder guiado pela fé e pelo compromisso com um mundo mais justo.